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9.11.2015

Ia acontecer...




Ia acontecer, mais tarde ou mais cedo. Faz parte. Mas o instinto animal começa a rugir. "Quem foi?" Como se a resposta importasse. Como se fosse tirar satisfações com a mãe do miúdo ou com o miúdo "fazes isso outra vez à minha filha e... e..." e nada, como é óbvio. 

Qualquer dia - se é que não o fez já na creche - será ela, chateada e frustrada por lhe estarem a tentar tirar o boneco das mãos. Foi o que aconteceu e o outro bebé mostrou-lhe a sua garra. Os dentes, neste caso. Faz parte, repito vezes sem conta para me convencer disso. Mas custa. Custa não poder protegê-los. Custa não os ter debaixo da nossa asa.

Será que um dia vamos conseguir encarar todas estas coisas sem dramas e achar natural? Ou vamos ter sempre este fogo que passa no peito e faz acelerar o coração durante uns segundos?

8.25.2015

Entrou na adolescência!

Ainda não me chama parva, chata e ainda não me disse que me odeia, mas já não deve faltar muito.

A novidade agora é fechar-se no quarto dela. Não me deixa entrar. Expulsa-me. Empurra-me e fecha a porta. Pergunto se posso entrar e diz que não. Deve ir escrever no diário, ler a Ragazza e beijar os posters dos Take That, enquanto ouve na cassete dos Onda Choc "Encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora". Debaixo da cama deve ter um Toblerone e deve andar a ver a série Riscos às minhas escondidas.

Ai espera, isso era eu, nos anos 90.

8.21.2015

A minha miúda não fala puto!!!

A Isabel tem 17 meses. A Isabel diz, agora, praticamente as mesmas palavras que dizia com 12.

  • mamã
  • papá
  • olá
  • já tá
  • bebé
  • ão, ão
  • nã, nã



  • Depois diz, mais recentemente:
  • tatá (avó)

Já disse outras palavras como "hello" (esta disse mesmo bem dito), "adeus", "tchau" e "vó", entre outras, mas foram atos isolados, não contam. Tudo o resto expressa por variações de "a", "ah", "ã", "ãã" e fala lá a língua dela.

Dificuldade de se comunicar comigo, um em dez. Faz gestos específicos e sei que quer ouvir o Panda e os Caricas, faz as galinhas, quer as "doidas", quer ir para a rua, bate na porta, quer comer (raro lol) faz o som, aponta, desenrasca-se, barafusta, diz não.

Dificuldade em perceber o que lhe digo, zero. Identifica todas as partes do corpo (engana-se najorelhas às vezes e nojoelhos, compreensivelmente), vai buscar tudo o que lhe peço, adora resolver problemas, gostar de ajudar, tem saídas maravilhosas. Esta semana disse-lhe "a mamã gosta muito, muito da Isabel. A Isabel gosta da mamã?" Sabem o que me respondeu? Nada. Deu-me um beijo nos lábios. Quão amoroso é isto?... Depois aprende palavras novas todos os dias, reage a coisas que aprendeu na véspera (tipo "espuma", bastou dizer-lhe ontem, que foi a correr para a casa de banho em modo histérica, percebendo que íamos tomar banho com espuma).

Fotografia CV Love

Tenho a certeza (quase absoluta) que aquele cérebro está em Banho Maria e que mais mês menos mês vai despejar o primeiro Canto dos Lusíadas. 

A minha questão é: quando? E não. Não estou (ainda) preocupada com o desenvolvimento dela. Está a demorar o tempo que é preciso. Mas... mas... eu tenho tantaaaaaaa curiosidade em ouvi-la! :)

Quando é que os vossos se começaram a desenvencilhar melhor? Se me dizem que eles já sabiam dizer 100 palavras com esta idade, mais vale não porem cá mais esses pézinhos (que, pelos vistos, cresceram com a gravidez ainda por cima, suas patudas)!
E não, Joana Gama, nem penses em comentar isto, que eu bem sei que a Irene é a maior gralha e está no extremo oposto da Isabel. :) Até "que chatice" já diz! OMG! Hahaha

8.13.2015

Opa... que saudades!

Foi no primeiro dia de 2015 que a Isabel começou a dar uns passinhos agarrada. Tinha 9 meses e meio. Ali, com a ajuda do carrinho dos brinquedos. Encontrei estas fotos e achei um piadão. A tudo: do style da miúda, supé fashion, à expressão de felicidade. 




Depois vi a fotografia em que finalmente ela mostrou o primeiro dentinho (sim, o primeiro foi 9 meses). Uma delícia. Ela estava a sorrir depois de tantos dias internada no hospital. Dias terríveis. Para quem chegou há pouco tempo ao blogue, a Isabel teve uma pneunonia e passámos a semana do Natal no hospital. Depois disso, todos os sorrisos dela nos aqueciam o coração, que passou a viver mais apertado. Com medo. Medo de que se repetisse. Medo de a ver sofrer mais uma vez, medo de a voltar a ouvir respirar mal, a ser picada uma e mais uma vez. Passei a descobrir aquela sensação de impotência, de que não controlamos tudo.


É este o sorriso que me faz viver. É para que ele se mantenha que eu vivo.

E bolas! Um texto que tinha tudo para ser light, já me pôs aqui em lágrimas.

8.03.2015

Mães que estão prestes a deixar os filhos na creche (#02)

Mães, acalmem esses corações. Não chorem. Não muito.

Isto foi o que escrevi, e o que senti, no primeiro dia de creche da Isabel.

Agora, um ano depois, estamos finalmente de férias. Voltei a tê-la só para mim, com todo o tempo do mundo. É bom. Não é bom, é óptimo. Mas vamos a balanços: foi bom a Isabel ter ido para a creche. Não queria que tivesse ido tão cedo, é verdade, mas não tive alternativa. Acabou por correr tudo muito bem. Nem sempre, mas quase sempre.

Fato que usou no Carnaval na creche

No dia do pijama

A primeira mochila

Teve a fase de ficar a choramingar quando a deixava.
Também a cheguei a apanhar a chorar quando a fui buscar. 
Teve a fase de beber o meu leite lá e de nem sempre querer beber.
Teve a fase de trocar doenças com os colegas.
Teve a fase de não dormir nada bem nem deixar os outros dormirem.
Teve a fase de fazer moche aos colegas e de, muito provavelmente, também levar com eles.

Mas sei que o balanço é positivo. 

Agora apanho-a sempre feliz e a brincar. Às vezes nem quer vir logo ao meu colo, mas continuar nas brincadeiras, a mostrar-me como está feliz.
Agora dorme bem a sesta grande. Nem sempre dorme toda, mas lá se habituou à rotina.
Agora tem comido muito bem lá (é o que a safa, porque em casa é o que se sabe).
Agora dá beijos aos amiguinhos e já a vi dar um grande beijinho na boca à Laura, que entrou na mesma altura que ela, há um ano.
Agora, sei que ela está bem, integrada, crescida. 
Sei que teve atenção, colo, mimo, amor.


Mães que estão prestes a deixar os filhos na creche, eles ficam bem. Eles vão ficar bem. Confiem. 
O balanço vai ser positivo. No final do dia, eles vão voltar para o vosso colo e vão perceber que eles estão felizes.

7.30.2015

Estamos a criar crianças totós

"Quanto mais recreio, mais atenção nas aulas. Quanto menos liberdade para brincar, maior o risco de acidentes. Carlos Neto, professor da FMH, explica por que tem de ser travado o "terrorismo do não". 

Carlos Neto é professor e investigador da Faculdade de Motricidade Humana (FMH), em Lisboa. Trabalha com crianças há mais de quarenta anos e há uma coisa que o preocupa: o sedentarismo, a falta de autonomia dada pelos pais às crianças e a ausência de tempo para elas brincarem livremente, correndo riscos e tendo aventuras. É um problema que tem de ser combatido, diz. Porque a ausência de risco na infância e o facto de se dar “tudo pronto” aos filhos, cada vez mais superprotegidos pelos pais, acaba por pô-los em perigo. Soluções? Uma delas passa por “deixar de usar a linguagem terrorista de dizer não a tudo: não subas, olha que cais, não vás por aí…”."

"Temos hoje crianças de 3 anos que, ao fim de dez minutos de brincadeira livre, dizem que estão cansadas, temos crianças de 5 e 6 anos que não sabem saltar ao pé-coxinho. Temos crianças com 7 anos que não sabem saltar à corda, temos crianças de 8 anos que não sabem atar os sapatos."




Fez-me bem ler este artigo, no Observador. Leiam, leiam. Muito interessante!

6.08.2015

Eles andem aí

Mostrei-vos aqui os primeiros passos, desengonçados, da Isabel. Imagens incríveis, para mim, claro. Mas o mais incrível disto tudo é a rapidez com que eles ganham segurança. Com que perdem o medo. Com que crescem.

Se há uma semana me pedia a mão para se sentir confiante, agora já me larga a mão. Já toma a iniciativa. Se cai, levanta-se. Mostrei-lhe uma vez como se sacodem as mãos depois de cair, para tirar as pedrinhas, a relva ou a areia e, na vez seguinte, levantou-se e sacudiu as mãos. Uma esponja. Já só lhe falta correr. E a mim, já só me falta fechar a boca, que ando de queixo caído com isto tudo.
No outro dia, estava ela a brincar na praia com o balde e a pá, no mundo dela, e eu estava a falar com o David sobre ir ao dentista. Olhou para nós e começou a fazer o gesto de lavar os dentes. Eles estão a ouvir-nos, a ver tudo o que fazemos, como diz o outro, eles "andem aí". E isso tem tanto de mágico como de assustador.

Estou a ver ali meninos.

Não me apanhas.

Mãos ao ar!
(Ooops) Estou só a ver se a relva está fofinha.




La la la la la (Era uma vez um cavalo)
Era isto, mas desde lá de cima.
Cansei.
Ainda não posso andar neste? Porquê, porquê?
E agora? Fiquei completamente desorientada.
E um pouco triste.
Preciso de amparo.
Ah! Finalmente alguma coisa de jeito.

São muitas fotos? É capaz, mas não me peçam para escolher.
As legendas são parvas? São.

Estou tão apaixonada por esta miúda, que perco noção do ridículo. Mas também não sejam mázinhas, é só correr com o cursor para baixo.

Antes que as mães de miúdas perguntem, porque desconfio que adoraram:

Túnica - Maria Boneca

5.23.2015

Os primeiros passos da Isabel

Não chorei. Incrível, não é? A lamechas cá do sítio não chorou. Mas o meu coração encheu-se de coisas boas e demorou algum tempo a processar tudo. Foi na terça-feira de manhã. Dia 19 de maio de 2015, fica registado para não me esquecer. Com 14 meses e três dias.
A Isabel já andava agarrada deste 1 de janeiro de 2015. Sim, no primeiro dia do ano, levantou-se e pôs-se a andar agarrada ao carrinho. Esperámos, não forçámos, demos-lhe a mão sempre que nos pediu. De vez em quando fazíamos a experiência de lhe largar a mão, claro. Mas ela não saía do lugar. Fica petreficada. Outras vezes, punha-se logo em posição de gatas. Demos-lhe tempo, sem grandes preocupações. Algum dia, iria acontecer. O meu irmão começou a andar com 19 meses. Cada um a seu ritmo. Não estávamos a fazer nada de errado quando lhe dávamos a mão, sempre que nos pedia. Não estava preparada. Não tinha de estar.

Terça-feira sentiu-se preparada (ou passou-se). Deu uns 5 passinhos. Depois uns 3. Depois uns 4. Estávamos tão felizes a vê-la crescer, tão rápido, que nem quisemos estragar o momento com vídeos. Não quisemos perder nem um segundo a ir buscar o telemóvel. Íamos ter tempo para filmar tudo.
Cá está o vídeo que consegui fazer entretanto. A Isabel quis prestar declarações, ouçam-na com atenção. Coisa fofa.

Muita paciência. Não da mãe. Da filha, para aturar a chata da mãe. Chata, mas muito orgulhosa. E um bocadinho assustada. E feliz.

5.05.2015

Ela só precisava de tempo.

Este é um texto sobre o tempo. Sobre dar-lhes tempo. Deixá-los viver, e crescer, ao ritmo deles.

No sábado, em casa dos avós paternos em Évora, o David foi com a Isabel até à zona da piscina. Não levou o fato de banho dela, nem toalha. Foi vestida com a roupa que tinha, chapéu e protector nas zonas a descoberto. Achou ele que ela ia molhar a mão, fazer um "shap shap" e ficar a ver a prima na piscina a dar às pernas, a dar gargalhadas e a fazer birra para sair. A Isabel nunca foi a maior fã de água, molhava o pézinho, as mãos e pronto, estava feito. Desta vez não. Quando ele lhe molhava as perninhas, ela ria-se entusiasmada. Pedia-lhe para repetir. Quando o David me pediu o fato de banho e o creme, que ela queria ir para a piscina, primeiro duvidei, depois senti-me a explodir de emoção. É um passo. Um passo que ela dá, sem pressões, sem nunca a termos feito chorar e sem nunca a termos pressionado. Ela não estava "muito mimada". Ela apenas não gostava da sensação da água fria no corpo. De se sentir desprotegida. Ela só precisava de tempo. De ganhar confiança. Um dia iria gostar. E nós só teríamos de esperar. Sem forçar. Sem nos lamentarmos por termos uma filha "medricas". Ou "mimada". Ela tem tempo. Tem o tempo dela. E foi tão melhor assim.

Este raciocínio é válido para tudo na vida. Não acredito em tratamentos de choque. Acredito em respeito por eles, pelos ritmos deles, pelas vontades deles. Não quer dizer que não os estimulemos, que não puxemos por eles, que não os desafiemos. Mas se ela não está ainda preparada para andar, um dia estará. Se ela ainda não diz mais do que "mamã", "dada", "olá" e "ão ão", um dia dirá "idiossincrasia", "veleidade" ou "evenemencial". Ou "bué" e "totil". Mas o que eu quero que ela diga muitas vezes - e que o pratique - é "amor", "respeito" e "dignidade". Não é digno deixá-los a chorar numa piscina para se habituarem. Nem tirar-lhes aos mãos de repente para que eles caminhem sozinhos. Nem deixá-los sem colo, quando nos pedem. Não estamos a mimá-los demasiado. Estamos a fazer com que tenham confiança em nós. E neles.