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12.01.2016

Voltar para ela.

A viagem a Paris terminou ontem. 



Trazia memórias maravilhosas, fotografias mentais com uma luz inconfundível, momentos a duas, gargalhadas, conversas super interessantes e pessoas que conheci que me marcaram pela energia, simpatia, sentido de entreajuda, uma cama de hotel que dava para os quatro e mais dois cães e uma musiquinha boa daquela língua tão bonita e melodiosa na cabeça. 

Mas trazia também saudades da Isabel na bagagem. 
Hoje fui deitar-me com ela às 7h e picos, porque quis que acordasse comigo ao lado. Sentiu ali alguém, deu-me uma festinha na cara, percebeu que não tinha barba e fez um som de alívio e felicidade, uma cantiga melosa e doce, abraçando-me. Passados uns minutos, aninhada a mim, a suspirar e fazer uns sons impossíveis de descrever, enquanto dormia, disse "mãe". Um "mãe" de quem me esperava com mais ansiedade do que quem espera pelo Pai Natal. Fiquei automaticamente com os olhos cheios de lágrimas, a sentir que, por mais que me sinta bem a viajar, o meu lugar é aqui, junto dela. 

Por mais que digam que eles não sentem, eu sei que ela sente. Aprende a viver sem, tal como eu vou aprendendo, devagarinho, a deixá-la. Eu sou das que já advogou que me fazia falta, sou das que fez uma viagem quando ela tinha 9 meses (e depois se arrependeu), sou das que já a deixou ir para os avós dois dias de cada vez, sou das que acha que lhes faz bem, mas sou das que acha que com quem elas estão melhor (ou com quem gostam mais de estar) é connosco. 

Vou gerindo tudo da forma que vou sentindo ser o melhor para todos. Talvez este verão já consiga deixá-la mais dias com os avós, quem sabe? Logo se vê! A verdade é que eles são todos diferentes, uns adaptam-se melhor que outros, uns gostam mais de andar agarrados às mães, outros adoram saltar de casa em casa... e, da mesma forma, há pais mais ou menos despreendidos (e não há mal nenhum nisso). Mas eu recordo-me de ter muitas saudades dos meus pais quando eles viajaram pela primeira vez sem nós. Ou de me sentir muito triste numa casa de uns amigos da minha mãe, numas férias, apesar de estar habituada a ficar em casa das avós. Fez-me bem? Sei lá! Não sei se é daí que vem a autonomia, a independência, mas parece-me que não necessariamente. No entanto, acho que é importante que elas vão criando laços fortes com outras pessoas que não os pais e acho que é importante termos (eu e o David - vocês saberão de vós) momentos sem elas. A seu tempo. Ao nosso ritmo. 


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11.25.2016

"Não quero a mãe!"

Doeu-me. Muito. Na alma. Nunca a tinha ouvido expressar tal coisa. "Não quero a mãe". Assim. Com um olhar duro. Assim que cheguei à sala dela, na escola, para a ir buscar. Chorei por dentro. Fingi que não. O meu lado mais optimista procurou o humor. "Olha, isto é para me preparar para a parvoíce da adolescência, quando gritar do quarto que me odeia", pensei para os meus botões. Não correu para mim, não ficou feliz de me ver. Não foi a primeira vez, mas desta vez disse-o. Fiquei ferida. Mesmo tentando desdramatizar, mesmo sabendo que me adora mais do que ninguém. "Vá, Isabelinha, vamos para casa, amor." "Não quero ir para casa". Okay, não é novidade. Nunca quer ir para casa, adora a escola e quer ficar sempre mais um bocadinho. Mas ultimamente demoramos uma eternidade a sair. A Luísa cansa-se, choraminga por levar com uma enxurrada de mãos e apertos e festinhas dos colegas da sala, e nem perguntando se quer ir ao pão ou à loja da fruta a convenço. É difícil. Depois de lhe dar tempo, é tempo de ir. Corre pela escola, foge, não quer ir ao colo, não quer entrar no carro, não quer ir na cadeira. Eu, que até lhe consigo dar a volta tantas e tantas vezes, não tenho conseguido. Todos os dias, sempre que sou eu a ir buscá-la, é um número de circo para a levar para casa. Já sei que há birra certa no carro.

Mas desta vez foi diferente. Pior, muito pior. Eu estava a pensar em tudo o que poderia estar a fazer de errado. Perguntei-me baixinho, por entre o choro alto da Isabel, que interrompia para dizer que queria ir à Susana (a educadora), o que estaria a fazer de mal. Quis saber o porquê daquela repulsa. Não era suposto, depois de tantas horas separadas, ela querer ver-me, estar comigo, brincar comigo? Não querem todas as mães ser recebidas com um enorme abraço? Serão ciúmes? Estarei a dar-lhe pouca atenção? Por que razão se contorce toda e chora como se não houvesse amanhã, aos soluços, quando tento prendê-la na cadeira? Por que razão não colabora? Acabo por aleijá-la, às vezes, ao prendê-la à força e, depois de tanto tempo aos berros, às vezes acabo por perder a calma e dizer-lhe que estou zangada e triste, levantando a voz. Já lhe pedi que se calasse também. Já gritei por cima. É extenuante.

Viu-me chorar. Chorei muito e não escondi. Quando saímos do carro quis ir ao meu colo e deu-me abraços. Muitos. Perguntei-lhe o porquê, e ela, de nariz vermelhinho de tanto chorar, deu-me um beijo e fez um som querido. Foi o pedido de desculpas à maneira dela.

E agora? Vai ser sempre assim? Faz estes números comigo por se sentir à vontade? Por saber que o meu amor é inesgotável? Por saber que não fujo? Mas... até quando? O que se está a passar?

Tento, nos meus momentos de tristeza e de ira, lembrar-me de que ela é um bebé, para fugir à tentação de a tratar como uma adulta e exigir-lhe sensatez e controlo, quando até eu o perco. Já me apeteceu esbofeteá-la. E ontem, o meu lado mais irascível estava a apoderar-se de mim e eu só queria que parasse, até porque aquilo me estava a assustar e à Luísa também. Parecia um animal ferido, a gemer. Quase lhe ouvi os uivos.

Não sei o que lhe acontece nesses momentos. Só sei que tenho de ajudá-la. Alguém me consegue ajudar a ajudá-la?



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11.23.2016

Escrever para não esquecer

Às vezes tenho medo de me esquecer. Já percebi, pela minha experiência de dois anos e tal da Isabel, que a maternidade teve momentos em que meti a quinta e acelerei e teve outros em que, apesar de termos ido em terceira, não me consigo lembrar com a nitidez com que gostaria. Digo muitas vezes, em conversa com o David, que devíamos apontar. Coisas pequenas, frases mal ditas, expressões divertidas, momentos ternurentos, palavras inventadas. Coisas como "ontem, ao adormecer a Luísa ao colo com shhhhh ela veio atrás de mim a adormecer o macaco com shhhhhh." Ou "eu sabo tudo, mãe." Ou "o mata de moscas". Ou, ainda esta semana: "mana, parece mesmo uma bola. E é!". Ou quando no carro, depois do pai lhe perguntar como se chamava o bebé dela, ter respondido "É o Silva!". Coisas nossas, pequeninas, sem interesse suficiente para as vir escarrapachar aqui no blogue. Não quero esquecer-me delas. Apesar de saber que este sentimento avassalador de descoberta, de amor, de paixão desmedida não se apagará, já não me lembro do cheiro exacto da Isabel quando era bebé e valem-me os vídeos para que me recorde do som baixinho da voz (que delicada era ela a chorar!). Os dois anos são uma fase que tem tanto de desafiante como de apaixonante e sinto que ela cresce de dia para dia. E com ela os medos do lobo mau (que pesadelo terrível que teve no outro dia, coitadinha), e com ela as frases tão bem construídas, e com ela uma paixão pela irmã que se sente a quilómetros. Uma satisfação gigante ao fazê-la rir. 

Escrever para não esquecer, é o que tenho de fazer. Aqui ou num caderninho.

Fotografia do evento da Igor

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11.17.2016

Passa tão depressa, dizem-nos. E é que passa mesmo!

Às vezes quero ser mãe às vezes e não sempre. Mas é por ser sempre que é tão intenso e é por ser tão intenso que é tão gratificante. E o sempre, às vezes, até parece pouco. Quando damos pelo tempo que passou. Aquele clichê do "passa tão depressa" é tão verdade que assusta. Foi ontem e afinal já foi há quase três anos. Foi ontem que fui levada pela corrente de sentimentos dessa coisa que é ser Mãe. E afinal já passaram anos desde que essa corrente, às vezes dolorosa, rápida e periclitante, desaguou num mar imenso. Às vezes ainda há ondas, há marés, mas já sei onde estou e vou dar. Já não ando tanto à deriva. Passou depressa a fase mais angustiante em que precisava de apalpar terreno. Voltei a ser rio quando nasceu a Luísa, mas sinto que também já cheguei ao mar. E já passaram quase seis meses. Rápido, rápido. Seis meses saboreados ao milímetro, mas sempre com a sensação de que se calhar podia, podíamos, ter estado ainda mais. É a angústia do relógio. Tic tac tic tac. Saber que o tempo não volta atrás. Por isso, qual Gustavo Santos num qualquer livro de auto-ajuda, vos digo: aproveitem ao máximo. Até a fase em que andamos aos solavancos e a apalpar terreno deixa saudades, porque aprendemos a filtrar e as coisas boas sobressaem. Aproveitem ao máximo, porque o feed no Facebook, os likes nas fotos, os episódios das séries, as roupas passadas a ferro, são pó, são nada, comparados com a vida a pulsar ali, ao nosso lado. A pele macia na nossa pele. O sorriso, o olhar indefeso, os esgares, a dependência frágil. É bom. Muito bom. Aproveitem ao máximo, porque deixa saudades. Muitas. Eles vão transformar-se em pessoas lindas, interessantes, divertidas (e teimosas e chatas e cheias de personalidade, ainda bem), mas nunca mais vão ser assim, pequeninos, nossos. 




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"Mais um jogo, mãe!"

A Irene anda a dar sinais de que precisa de mais atenção nossa e isto de só termos umas horinhas para ela ao final do dia é novidade para a família, ainda estamos a descobrir como organizar as coisas de maneira a termos tempo de a ouvir a falar enquanto a olhamos olhos nos olhos. É desde cozinhar de manhã para ficar pronto ao jantar, deixar a máquina a lavar, ter de comprar uma máquina de secar e poupar-se tempo a estender e recolher roupa, é dar banho dia sim dia não à Irene e nos dias em que não damos, aproveitar para brincar mais. 

Ontem, mesmo não havendo sopa feita, convidei o pai a borrifar-se para isso e a sentar-se connosco no corredor do hall enquanto a Irene estava a fazer palermices. Ficamos uma hora na brincadeira, a deixar tudo o resto atrasar, mas a ter o mais importante como importante. 

Fizemos alguns jogos que fizeram sentido para a idade dela. Somos os três criativos (tenho muito orgulho nisso, heheheheh grande moral): 

Surgiu a ideia de nos sentarmos os três em cima da cama e de tentarmos dizer palavras da mesma categoria, dando um toque na perna da pessoa que queremos que fale a seguir. 

Agora, cores! "Amarelo, verde, roxo, castanho, catorze..."

Agora animais! "Girafa, mosquito, cão, cabelo..."

Números...

Ela divertiu-se muito (e nós também), mas tivemos que ir mudando para não se cansar. 

"Tarde" perfeita. 

PS - Telemóvel a apitar lá ao fundo na sala e eu não podia querer saber menos...

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11.14.2016

Ela só pode estar a fazer isto para chamar a minha atenção.

A Irene anda numa de fazer coisas más e de me perguntar a seguir se estou contente ou triste, sabendo perfeitamente que se "portou mal". Quando digo que não, ela fica muito triste e desata a chorar. Tenho tentado diversas abordagens: desde dizer que não fico triste e aproveitar para lhe apresentar outras emoções, mostrar-lhe a minha frustração, ensinar-lhe a diferença entre portar bem e portar mal...

Todas as fases têm os seus desafios, é o que tenho vindo a reparar, mas esta tem-me deixado de pulga atrás da orelha, exactamente por parecer que ela fazer o contrário daquilo que quer como resultado. Se me quer agradar, porque é que se porta mal? 

Ecoou na minha cabeça, numa dessas vezes, a palavra "atenção" - "ela só pode estar a fazer isto para chamar a minha atenção". Claro que, por um lado, poderá sempre ser aquele sentimento de "culpa" por ter feito máquinas de lavar roupa em vez de ter estado a brincar aos cabeleireiros com ela, mas sinto que faz sentido. 

Creio que talvez ainda não nos tenhamos adaptado ao novo registo de ter a Irene na escola. Ela continua a precisar de nós, não é por andar feliz a brincar de um lado para o outro que depois não precisa do olhar da mãe e dos abraços do pai. 

Não gosto que o "castigo" que lhe esteja a dar sejam as minhas emoções. Gostava que ela não fizesse coisas "más" por saber das consequências, mas nem todas as consequências parecem dramáticas o suficiente para que ela as compreenda. Nem tudo é "sujar tudo" ou "queimar" ou "dói-dói". Às vezes é só pedir para ela evitar andar a baloiçar com a colher na mão que ainda está suja de arroz ou que não repita tantas vezes o som de bater com uma caneta na outra.

Sentindo-me perdida, pedi ajuda a uma amiga que é psicóloga. Ela deu-me a perspectiva de que a Irene está a passar por uma fase muito intensa. Deixou de ter os pais 90% disponíveis para ela, para umas curtas horas, depois de passar imenso tempo na escola em que não é filha, mas uma "criança de bibe" (expressão minha). Dantes assistíamos a todas as conquistas dela, reforçávamos, elogiávamos... Agora é diferente. 

Sugeriu que lhe dissesse que a amo em qualquer circunstância e que separarasse as emoções do momento de amor incondicional, dar nomes às emoções (às dela e às minhas) e perguntar-lhe o que podemos fazer quando estamos zangados ou tristes. 

Claro que, dentro de mim, irei chegar às melhores soluções possíveis, mas sinto que tenho uma pessoa pequenina com quem ainda não posso falar como os crescidos e que também já não posso não falar sobre coisas importantes, só por ser pequenina. 

São desafios atrás de desafios. Acima de tudo quero viver isto de forma consciente e estou contente por estar a fazê-lo. A seguir a este desafio, virá outro e nunca serão mais fáceis. 


Ainda hoje de manhã me disse "a mãe depois vai buscar a Necas à escola ao colo?". Quando digo que sim, ela parece ficar mais calma e aceitar melhor que vai para a escola. O colo... 

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Não aos tablets!

Já percebi que a Isabel fica rapidamente viciada no tablet. 
Andámos a evitar durante muito tempo, depois começou a dar jeito para ela desamparar um bocadinho a loja nos restaurantes com os vídeos do Panda e dos Caricas, quando os desenhos e os brinquedos já não eram "suficientes" (e eu era das que dizia que NUNCA haveria de o fazer). Depois instalámos uns puzzles de animais, depois pediu-nos a gata e o gato aos quais temos de dar comida e banho (que a prima tinha), depois veio o supermercado, o jogo do Ruca e vamos a ver e a porcaria do tablet está completamente monopolizado pela Isabel. Ainda para mais agora que descobriu a Patrulha Pata, acorda a pedir para ver os episódios no Youtube. Vê as versões em português do Brasil e às vezes em inglês e nem me importo muito, se for q.b. Acho piada àqueles desenhos animados. Começa a chatear-me mesmo quando dou com ela a ver os vídeos mais estúpidos de sempre. 

A SÉRIO, O QUE É AQUILO?
Isto. Ou isto. Depois isto. Brinquedos dentro de ovos, uns fazem cocó, mãos pintadas, happy fingers de todas as versões e possibilidades.
Pelo amor da Santa! São horríveis, todos iguais e não acrescentam nada. 
E ela fica vidrada, ri-se, festeja, chama-nos para vermos. 
É só RIDÍCULO.
Culpa nossa, claro ;)

Por isso, o fim-de-semana foi um "não aos tablets". Esteve com a avó, com o avô, foi dar comida aos gatos, andou nos baloiços, fez um bolo, pintou, fez plasticinas, passeou... É esta a infância que eu quero que ela tenha, caraças! Aquela coisa do "que giro, parece que já nascem ensinados" quando mexem com a ponta do indicador na geringonça com maior destreza que o Phelps não é assim tão gira. Revela muito acerca da sobreexposição deles perante as novas tecnologias e diz muito da mímica que eles fazem do nosso comportamento. É triste, até. 

Afastá-los a 100% de tudo isso não me parece a melhor opção, até porque agora "já vai tarde", mas há que moderar muito o uso dos tablets, senão torna-se viciante e parece que não gostam de fazer mais nada. 




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11.09.2016

Isto de se ter dois filhos

Há dias difíceis. Duros. Intermináveis. 
Mas terminam. E, quase sempre, com um quentinho no peito. 
Mesmo que as lágrimas de cansaço teimem em cair.
Mesmo que achemos que podíamos ter feito mais, estado mais, sido mais.
Os dias são um comboio em alta velocidade que às vezes descarrila. Basta uma peça sair do lugar. Uma preguiça a falar mais alto. Um trabalho constantemente interrompido pela mais nova, sedenta de atenção. Não ter o jantar feito com antecedência. Uma sesta que não aconteceu na escola. Não ter o pijama que ela queria lavado. O bebé dela ter ficado no carro do pai, que vem mais tarde. 
As birras são o mais difícil de suportar. Ainda não sei lidar bem com elas. Afligem-me. Menos agora, mas ainda fazem mossa. As no carro já não. Já conto com elas, já sei que há ali uns dois, três minutos de choro, de descompressão. Depois passa. Agora todas as outras, mais imprevisíveis, ainda me desgastam. Mas acabam quase sempre a bem, com abraços, com beijos, com conversas enormes na cama, depois da história. Tudo se resolve. 
E depois há coisas que me comovem. A relação delas que, em cinco meses, já significa tanto.
A Luísa muda de expressão quando a vê e todo o corpo se movimenta, qual explosão de foguetes e fogo de artifício demorado.
A Isabel já sabe que é para sempre. Mas mais do que o carinho, os beijos e as festinhas, o que me emociona verdadeiramente é a preocupação com a Luísa. Não a pode ver chorar.
Ontem, foi para o pé dela, que estava de barriga para baixo no tapete, conversar e acalmá-la: "Luísa, a mana está aqui. Não chora. A mana está ali a desenhar, mas já vem." Assim que se afastava, a Luísa choramingava. A Isabel voltou, decidida a fazê-la rir. "Salta, salta, salta!". Descobriu que esta palavra, repetida três vezes, fá-la dar gargalhadas. E deu.
Se há coisa mais deliciosa do que esta ligação, do que esta preocupação com dois anos e meio, não conheço!
É nestes momentos que confirmo que está tudo bem. Que estou a fazer algo bem. Que foi no tempo certo. Que tudo faz sentido.
Por isso, se me perguntarem, respondo. Isto de ter duas filhas com idades próximas foi a melhor coisa que me aconteceu. Foi a nossa melhor decisão. Mesmo que haja momentos caóticos, eu só tenho de respirar fundo e lembrar-me da maravilha que são aquelas conversas entre dois seres tão pequeninos, mas já com tanto amor dentro deles.





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11.03.2016

A mãe que cresce em mim

A mãe que sou nasceu com a Isabel. Talvez tenha nascido até um pouco antes, quando a comecei a sentir dentro de mim. E com ela, nasceu uma mãe que, apesar de prematura, tinha uns braços compridos para embalar, uma voz calma para sussurrar e cantar e um coração que sempre bateu forte, mesmo que descompassado. Os medos e as angústias estão lá ainda, sempre estiveram, assim como uma incapacidade momentânea que me tolda a razão. Não estava preparada e afinal estava. Porque não se aprende a ser mãe antes de o ser. Vai-se aprendendo. O mais difícil de tudo talvez seja parar de ouvir todas as vozes à nossa volta que, por mais bem intencionadas que sejam, são ruído para os nossos instintos. Ser humilde, agradecer, filtrar. E depois é ser mãe. Mãe quando ouvimos o nosso coração e damos colo quando sentimos que temos de dar, mesmo que nos doam as costas. Quando deixamos que as respirações se sincronizem, com eles em cima do nosso peito até adormecerem, numa simbiose tão perfeita que deixará saudades. Quando damos maminha as vezes que achamos que temos de dar ou até mesmo quando deixamos de o fazer se isso não nos fizer a todos felizes e acharmos que não compensa. 

A mãe que nasceu em mim tinha algum receio de dar banho, não sabia como acalmar cólicas e tinha algum receio de "habituar mal" a minha filha. A mãe que cresce em mim ainda não sabe tudo (às vezes acha que não sabe nada) mas já sabe que manter a calma é muitas vezes o segredo para resolver. A mãe que cresce em mim sabe que o amor, o mimo e o colo curam muita coisa. A mãe que cresce em mim raramente tem medo de estar a fazer mal, porque, apesar de estar minimamente informada, sabe que as dicas para fazer crescer pessoas de bem não vêm nos manuais. Sente-se. Tenta-se. Faz-se o melhor.

A mãe que nasceu em mim, voltou a nascer com a segunda filha. Quando achava que até sabia fazer malabarismo e só com uma mão, entraram mais bolas na equação. Precisei das duas mãos e de todas as que se ofereceram. Ainda preciso. A mãe que sou é só uma, mas consigo ser duas também. E às vezes nem isso chega. Desdobro-me, tento chegar a todo o lado e posso jurar que durmo em duas camas e tenho superpoderes. Não tenho. Às vezes não sei a quantas ando, mas a mãe que nasceu em mim e que em mim cresce, diz-me que isso é normal. E que não estou sozinha. 

A mãe que cresce em mim continuará a crescer até... até ao último suspiro. E aí espero ver, como nos mostram nos filmes, os flashes dos melhores momentos, de todo este percurso de crescimento, em que crescem filhos, mas também mães. 

Boquinha deliciosa da Isabel, em 2014, tão pequenina...

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11.01.2016

Mesmo com tosse que até andas de lado!

Se eu alguma vez pensei que fosse ser assim. Desde que a Irene entrou para a escola que são mais raras as vezes em que está limpinha e a 100% do que quando tem tosse ou ranho. No feriado, apesar dela estar com tosse (que diminuiu bastante com um xarope 100% natural que tenho de vos contar), não abdiquei de ir ao Parque da Serafina com a minha amiga Renata e o filho Diogo. Achei que era o timing perfeito para voltar a vê-los e que faria com que o feriado fosse ainda melhor. Não estava muito frio nem nada. 

Vamos mesmo ganhando calo. Quando estava com a Irene em casa (estive até ela ter um ano e meio), só o facto de ela espirrar me causava alguma impressão e redobrava os cuidados. Agora percebo melhor como isto funciona. E daqui a uns tempos vou rir-me de achar que sabia alguma coisa neste preciso momento.

Foi ter uma manhã do caraças, "mesmo com tosse que até andas de lado!".


"A minha mãe comprou-me uma camisola de rapaz e só soube disso agora"

"O quê? Não sabe a papel como tudo o resto que a minha mãe me dá? O que é isto? Um pedacinho de vida nas minhas mãos?". 


 "Nem quero comê-la que não sei quando volto a por a vista num pedacinho de coisa processada".

"Estou a gozar, a minha mãe já me deu ketchup e chouriço e tudo ao pequeno almoço!".


"Ela depois é que se viu feita ao bife quando foi mudar a fralda".


"Foi um belo cocó, lá isso é verdade! Dos meus melhores trabalhos!". 


"Agora estou a sentir a pressão artística de repetir o sucesso..."


"Acho que me vou ausentar por uns momentos para ver se consigo". 

"A minha mãe a rir-se de alguma vez ter pensado que queria ter dois filhos". 

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10.30.2016

A importância de sermos dois.

Ontem fomos jantar os dois sozinhos pela primeira vez desde que a Luísa nasceu. Foi a segunda vez que me afastei da bebé: só a tinha deixado a dormir para ir ao velório do meu avô. Ontem parecia que tínhamos uma missão secreta e fizemos um trabalho de equipa perfeito: cada um entrou num quarto e deixámos as miúdas a dormir em pouco tempo (o David adormeceu a Luísa e eu a Isabel), saímos sorrateiramente dos quartos e pisgámo-nos sem deixar rasto. Duas horas e meia depois estávamos de volta com um sorriso nos lábios, como se nada tivesse acontecido, como se fosse um segredo só nosso. Soube-nos bem. 

Sei que muitas de vocês não o conseguiriam fazer, sei que muitas outras já o teriam feito. Somos diferentes e temos necessidades e vontades diferentes e é nessa pluralidade que, para mim, reside a magia de estarmos neste mundo (que pirosada, eu sei).

Senti-me preparada e confiante. Maquilhei-me, deixei o cabelo meio despenteado para fingir que até nem estou careca, vesti um casaco giro de cabedal - que nem foi preciso graças à noite de verão que estava - e lá fomos nós até ao Festival de Gastronomia.  Achei que o risco de não correr bem era pequeno face ao bem que me (nos) podia fazer. Se tivessem acordado, estava cá a minha mãe, que fez um bom trabalho comigo e com o meu irmão (eheh), e - mesmo que não tivesse dado conta - estávamos a 20 minutos de distância. A Luísa já tinha dormido a noite toda na noite anterior e calculei que, por não ter feito mais febre nem ter já grande tosse, o fizesse de novo. Deixei leitinho, mas a minha intuição dizia que não iria ser preciso. Não foi. Dormiu a noite toda, assim como a Isabel, que já não o fazia há algum tempo. Tivemos um bónus: além de termos ido namorar, dormimos bem. Os astros conspiraram e eu senti-me ainda mais realizada. 

Para mim, a vida mudou muito depois de ser mãe. Teve de mudar. Os horários são diferentes, as preocupações são outras, as rotinas são importantes, as sestas, a alimentação, as noites: pouco ou nada permanece igual. É o expectável, é assim que tem de ser. Não acredito muito no "continuei a fazer exactamente as mesmas coisas", nem acho que faça sentido. Percebo que os bebés se possam adaptar a muitas das nossas rotinas anteriores, mas acho que também nós temos de nos moldar às necessidades deles. É uma questão de bom senso, de ir apalpando terreno, é ir pesando tudo numa balança e percebendo o que nos faz bem a todos, em conjuntoTambém é verdade que um bebé vem tirar, pelo menos numa fase inicial, alguma disponibilidade mental ao casal, enquanto parelha. Passam a ser um trio, um quarteto, a virar alguns - muitos - interesses para o(s) rebento(s) e às vezes esquecem-se de que já cá estavam antes e que sabe bem tirar um bocadinho do dia, da semana, para eles, seja no sofá da sala, num banho, a ver uma série, enroscadinhos, seja a ir dar um passeio, jantar fora, um cinema. Sabe bem dar as mãos e andar abraçados sem ter uma mala cheia de fraldas a pender. Sabe bem dizer uns disparates, trocar uns beijos mais demorados, comer umas tapas, sem ter de limpar um ranho, dar um colo, acalmar uma birra. Mesmo que as conversas vão ter a eles, mesmo que eles estejam presentes no nosso pensamento e entranhados na nossa pele. Ainda bem. Mas é bom distanciarmo-nos umas horas para poder parar e ouvir o coração a bater forte, ter saudades e voltar para eles.

Isto quando quisermos, se pudermos, se fizer sentido, se estivermos preparadas.




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10.26.2016

Estão a ver este rapazinho que era "mau aluno"? Ganhou uma estrela Michelin!

Havia um rapazinho na nossa turma que, apesar de pequenino, se sentava nas carteiras lá de trás. Era falador, desestabilizador, gozão, a custo fazia os trabalhos de casa, tinha negativas. Na primária, levava não raras vezes estalos e carolos da professora (sim, isto acontecia nos anos 90). Era, diziam, "indisciplinado" e "mau aluno".

Acontece que esse menino, de sorriso fácil, recebeu agora uma Estrela Michelin, no restaurante Adega, em San José, nos Estados Unidos. O meu orgulho nele é enorme e fico também contente pela chapada de luva branca que isto significa. O nosso sistema de ensino não está feito de acordo com as necessidades, interesses, ritmos das crianças. Prepara-nos, aos que conseguem apanhar o comboio a alta velocidade, para os exames, mas não necessariamente para a vida. E ele, que não conseguia estar sentado na carteira, tinha bicho carpinteiro, porque era simplesmente uma criança! Hoje esse desassossego traduz-se num profissional de mão cheia, criatividade, talento, humildade, vontade de aprender, resiliência... imaginem então se tivesse tido um ensino que o estimulasse desde o início! O caminho teria sido tão menos doloroso... Felizmente a força interior (e o incentivo da família, principalmente do irmão mais velho, a quem seguiu os passos) foi superior a tudo isso e ele conseguiu, não um canudo, mas um dos maiores feitos na área que desbravou.



Parabéns, David! Pelo reconhecimento que só os grandes alcançam, mas principalmente pela audácia e por teres ido à luta [parabéns à Jéssica também, claro].

Notícia do DN, aqui.


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10.21.2016

Querem ser mais felizes?

Uma amiga disse-me que está provado que fazer bolinhas de sabão deixa as pessoas um pouco mais felizes. Vou investigar agora, só um segundo. Não encontrei nada sobre isso, mas faz sentido. Muito.

Às vezes estamos tão presas na nossa rotina e no desejo que temos de sermos super produtivas que sentimos que 15 minutos a menos é um descalabro. 15 minutos é pouco tempo ou muito, dependendo do que fizermos com ele. Se for bolinhas de sabão...


             


Aconselho vivamente. Se não for bolinhas de sabão ou se já não houver sol à hora em que forem buscar os vossos filhos, há de ser outra coisa qualquer. Quebrem!

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10.15.2016

Menos escola, mais família.

Dantes, quando estávamos os três em casa 24h por dia, os planos a três sabiam bem, mas não tão bem. Se calhar também porque a Irene era mais nova e, por isso, ainda não era tão visível o contentamento dela. Agora, quando saímos os três, a Irene fica eléctrica e ainda para mais hoje que íamos "comer bolos". 

Por causa disso escolheu os ténis dos dos bolos (ténis da Vans com Cupcakes) e não quis largar a saia de princesa que já tinha usado de manhã para ir à aula de música da professora Carla. 

Quando a outra Joana voltou a trabalhar e tinha pouco tempo para ver a Isabel (eu continuei em casa mais um ano), dizia-me que queria acreditar que tempo de qualidade era superior à quantidade e tempo. Agora compreendo isso. Principalmente nesta fase em que há tantas birras e tantas disputas e tanta intensidade... Quando estamos juntos há mais paciência, há mais vontade, há mais... Ou, pelo menos, tentamos que assim seja. 

Um lanchinho foi um evento, uma memória. Agora encho-vos o rabo de fotografias porque não consegui seleccionar mais do que isto, sorry. 




















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