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1.08.2017

Vamos mudar de escola. Está decidido.

Foi uma decisão que muito nos custou. 

Não é de ânimo leve que se fazem mudanças tão grandes. Ainda para mais aquelas que significam que tudo "deu para o torto" e que têm uma influência tão grande no crescimento da Irene. 

Lembro-me quando andei a visitar escolas com o Frederico no ano passado, estar a dar em doida por sentir que não tinha grandes critérios, parecia não ter "conhecimento de causa" e, por isso, sentir-me perdida. Tivesse eu encontrado, por exemplo, este artigo que me deram a conhecer no outro dia (obrigada, Ana). 

Fomos a imensas escolas, a maior parte delas tinha algo negativo perfeitamente incontornável para ambos: condições que deixavam a desejar, crianças com aspecto pouco feliz (não vos sei explicar mais do que isso) ou sítios onde parecia que o caos imperava (não o caos infantil - que acho positivo e expectável - mas institucional). 

De todas as que vimos, gostei imenso de uma onde senti que tinha criado uma ligação especial com a coordenadora pedagógica. Tinham imensas "mariquices" (senti isto assim e esse foi o meu erro, já tento explicar) que me agradavam, nomeadamente uma atenção virada para o desenvolvimento emocional da criança, com actividades em prática para tal - não sendo apenas uma coisa escrita ali no site e pronto. Tinham meditação de manhã, trabalho frequente com uma psicóloga (acho eu) que lhes apresentava as emoções e ferramentas, música à hora de almoço, etc. Faltava um bom espaço exterior. De todas as que vi, parecia-me perfeita. A partir daí nem liguei muito às seguintes. 

Uma das seguintes foi para onde foi a Irene. Quando entrei senti um frio grande na instituição. Senti uma organização extrema e disciplina, mas não senti aquele colinho que queria encontrar e que me deixaria mais descansada quando entregasse a minha filha. Lá tinha eu deixado a escola que estava dentro de uma quinta com animais para trás por visitar porque me tinham dito que não tinha bom aquecimento (apesar de não ser a que mais gostei, essa sempre me deixou com água na boca). 

Não me pareceu nada de tremendamente mal. A alimentação deixou-me triste em praticamente todas as escolas, ainda para mais nos casos em que diziam que as ementas eram supervisionadas por pediatras e ou nutricionistas. Pensei que teria de ceder nalgumas coisas e cedi. Além de que, quanto mais investigamos cada escola, mais feedback negativo aparece e acabou por acontecer isso com a minha preferida. Tinham saído de lá uma ou duas turmas para a escola que acabou por ser a da Irene. Engoli uns 30 sapos e porque "temos gente conhecida que tem lá os filhos e adora" e porque parece bem (ou porque "não parece assim tão mal e talvez eu esteja a ser maricas") lá ficou.

Fiz mal. O que eu queria, as coisas que eu procurava e que acabei por achar que eram "mariquices" de toda a gente me dizer que sim, eram realmente as coisas que eu achava mais importantes para a minha filha. Reparei agora à procura de uma nova escola para a minha filha em que, há mais frio, mas em que existem 1000 outras coisas pequeninas que me deixaram feliz, radiante, aliviada e expectante em relação ao futuro, ao crescimento dela. Senti que havia uma continuidade do nosso trabalho em casa e que não teríamos de estar constantemente a desdizer as coisas que eram feitas na escola ou de dizer "isso fazes na escola, aqui não". Tem de haver coerência. 

Quando dizem para ouvirmos o nosso "instinto", acho que é isto: fincarmos pé, especialmente connosco próprias e de não nos contentarmos com menos. Não acharmos que queremos demais. 

Como diz uma amiga minha da antiga escola da Irene (por quem estou muito apaixonada, digo já aqui ahah) "não vais encontrar a escola perfeita, é sempre preciso trabalho". Acredito que sim. Porém, uma coisa é o ADN da escola e temos mesmo de encontrar uma escola que vá ao encontro com os nossos princípios até para não ser frustrante para ambas as partes. Não digo que esta escola fosse má, há de ser excelente até porque essa minha amiga ama lá estar e tem lá os seus 59 filhos. Não é o que quero para a Irene. 

Quero amor, compreensão, empatia, escuta, conversa, cuidado, consciência, calma, respeito, jardim. Quero abraços espontâneos, explicações com vontade, ferramentas variadas e atenção. 

Quero muita coisa e, por isso, não me vou contentar com metade. Mesmo que custe ter que o explicar, mesmo que custe ter que mudar, mesmo que custe. 

"Para melhor, muda-se sempre". 

Acho que foi o que aconteceu. Sou das pessoas mais sensíveis que irão conhecer, é um facto. E este assunto é dos mais importantes para mim, é outro facto. Quando assisti ao que se passava nesta nova escola e que tudo, além de coerente, transpirava amor, senti que a minha vida tinha começado ali. 

Mudamos a Irene de escola principalmente porque já não vamos morar lá para o pé como tínhamos pensado (num futuro próximo), mas há males que vêm por bem. Estamos os três muito mais felizes, descansados e orgulhosos. 



Esta situação, apesar de desnecessária, também ajudou a que algumas das pessoas que achavam que os meus quereres eram "mariquices" (eu incluída) percebessem a importância de pequenas coisas como respeitar o ritmo de cada criança ou sua sensibilidade. 

Não parem de procurar. O que vocês querem é importante. 


Os putos estão a dormir? Ainda não fizeram tudo na sanita? Então leiam mais isto: 

Mais sobre a mudança de escola da Irene aqui

Quais eram os nossos planos aqui

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Isto também vos deixa tristes?

Desculpem. Não queria contribuir com algo negativo para o vosso fim-de-semana. Porém, como é mesmo a reflexão que ando a fazer desde há um dia ou dois, não consigo evitar. 


Cada vez julgo menos as mães. É injusto falar "à boca cheia" quando não conheço o contexto. A única coisa que gostaria é que todas nós conseguíssemos ter vontade de ganhar novas ferramentas para, quando chega o momento em que já não conseguimos pensar, conseguirmos optar. Optar por algo mais oportuno para ambas as partes, com menores danos (visíveis ou invisíveis) e com menos culpa e maior eficácia (mesmo que a médio/longo prazo). 

*We heart it 

Estou em vários grupos no Facebook (hoje mais uns 16 graças à Jhuaninha, ahah) e num deles - onde sinto que as mulheres são mesmo muito cruas e onde se criou um espaço de partilha sem cerimónias - fala-se de sexo, traições, inseguranças e até já houve uma menina que eu muito admirei que publicou algo a dizer que se sentia sozinha e que precisava de amigas. 

No meio de tanta partilha (umas que me fazem lembrar aquelas coisas que circulavam por mail nos anos 90 ou assim), encontrei um post que me deixou triste e que me deu vontade de refletir. Por motivos óbvios não digo o grupo, nem vou referir os nomes das participantes. Grupo fechado é fechado e é para respeitar. 

Houve uma rapariga disse "Digam uma frase que a vossa mãe dizia e que mais vos marcou a infância.". Já vai em mais de 600 comentários até ao momento da escrita deste post. Vou transcrever alguns (a mim também me deu vontade de rir de vez em quando na primeira leitura, confesso, mas depois deu-me mais para pensar): 

Nota: estou a seleccionar as mais comuns e as que mais me deixaram triste

"As meninas feias têm de ser simpáticas!"

"Engole o choro!"

"Nem mais um pio!"

"Quando chegar o teu pai vais ver!"

"Já chega de chorar, senão ponho-te a chorar com vontade!"

"Levas uma lamparina que até andas de lado!"

"Para de rir, para, olha que apanhas mais!"

"Se for aí e encontrar levas com ele na cara!"

"Viro-te a cara para onde tens o cú!"

"Vou-te partir o focinho!"

"O primeiro a chorar, leva!"

"Diz a verdade que a mãe não te bate... Pumba!"

Já sei que nem todas pensamos da mesma maneira e que muitas de nós pensam que "uma palmada na hora certa, blá blá". Porém, acho que quando tivermos uns minutos (ou presas no trânsito ou naqueles dias em que podemos ficar mais um minuto ou dois na sanita) podíamos pensar se isto tem tanta graça assim como poderá parecer à primeira vista. O que sentirá a criança em cada uma destas situações (que obviamente, depois de ditas 50 mil vezes, já não devem "furar" mais do que já está "furado")? E o que isto quer dizer de cada mãe em cada situação? 

Ser perfeito é impossível, mas nada nos impede de irmos crescendo também à medida que eles vão crescendo. Aprendi qualquer coisa com este post e queria que vocês também vissem algo especial como eu e que vos ajudasse a pensar, caso achem que precisem. Isto de tentar melhorar diariamente, reconhecendo os nossos erros acaba por ser um desafio engraçado e produtivo. Vemos os resultados diante de nós. É gratificante também. Talvez não seja no próprio dia, mas já não somos nós crianças de querer tudo logo na altura, não é? :) 

Gostei muito de um livro que me ajudou a ganhar algumas ferramentas para contornar (até agora) situações mais complicadas: é este. 


E "oiçam", não sou nenhuma expert, não sou a melhor mãe do mundo, hoje tive duas ou três situações delicadas com a Irene em que estive muito perto de me passar. Numa até me passei um pouco mais do que queria, mas amanhã é um novo dia e estou a fazer tudo o que posso.

Nota2: Às meninas do fabuloso grupo, não duvido que as vossas mães sejam maravilhosas e que tenham dado mundos e fundos para que vocês se tenham tornado nas mulheres que são hoje. O que é importante agora, poderá não ter sido o que era importante na altura e, mais uma vez, não julgo. Quero só propor que façamos melhor. Talvez, se elas fossem mães de crianças nesta altura, também tentariam fazê-lo. :) Ou, se calhar não e vocês virem-me a cara para onde tenho o cú. 


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12.30.2016

Obrigada, 2016. Foste um bom ano.

Não sou pessoa de me queixar infinitamente, talvez por me sentir uma sortuda a maior parte do tempo. Sou optimista, vejo o copo meio cheio, acho (quase) sempre que há males que vêm por bem. Há muitos anos que combato uma coisa que é a de deixar que um simples incidente estrague o meu dia. Tudo podia estar a correr lindamente que bastava um pequenino "não" para eu achar que o dia tinha sido uma merda.


Agora, não sei se da idade, se de ter passado por uma experiência muito forte em que temi morrer, não sei se por ter sido obrigada a amadurecer para gerir melhor três vidas, sinto-me mais sábia, mais resiliente, mais forte {claro que há dias em que todo este equilíbrio vai pelo cano abaixo e que me sinto miserável, mas depois ganho forças não sei onde e no dia seguinte a tempestade já passou}.


Por tudo isto, não acho que 2016 tenha sido um mau ano. Foi bom, muito bom.


Foi um ano de MUDANÇA. Despedi-me, mudei de cidade, a Isabel mudou de colégio, reaprendi a viver com menos.


Foi o ano que me trouxe a LUÍSA. Fui mãe novamente, apaixonei-me de novo. Estou sempre a dizer que ela é um bebé bom. São todos, é certo, mas há algo nela tão calmo, tão sorridente, com tanta luz e serenidade que me apazigua de uma forma inexplicável.


Foi o ano em que voltei a AMAMENTAR. Sei que algumas pessoas não perceberão este destaque todo, mas para mim é algo muito importante e acabei por fazer as pazes com a minha experiência anterior, que terminou quando a Isabel tinha apenas 9 meses.


Foi um ano de FAMÍLIA, PARTILHA e ABNEGAÇÃO. Foi o ano em que tive de aprender a ser mãe de duas, a chegar a mais lados, a dar de mim e a articular as minhas horas, a minha vida, consoante aquilo que achei ser o melhor para as minhas filhas.


Foi um ano cheio, com vontade de ESCREVER e de FOTOGRAFAR. Editámos o nosso livro, investimos tempo e amor no nosso blogue e fomos recompensadas com as vossas palavras de incentivo, as vossas partilhas, parcerias com marcas que acreditam em nós, começámos timidamente o nosso canal do Youtube e este cantinho cresceu.


2016? O melhor ano. Mesmo que com muitas arestas para limar, alguns imprevistos e choro e algumas resoluções por cumprir. A mais importante foi cumprida: ser uma pessoa melhor. {Sendo que faz parte das minhas resoluções para 2017 e de todos os anos que virão.}


Agradecida. É assim que me sinto. Pela saúde, pela família, pelos amigos, pelo amor que sinto todos os dias a aumentar. Por tudo de bom que nos aconteceu. Obrigada, 2016. Foste um bom ano. Que 2017 seja ainda melhor. 2017, eu vou lhe usar.


Obrigada também a vocês que, desse lado, nos passam tanta energia positiva.

Nem sabem o quão tudo isso é importante para mim.
Tenham um excelente 2017!

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12.22.2016

O que me deixa triste no Natal.

Eu sou das que sente uma dualidade enorme de sensações nesta quadra.

Adoro a ideia de ter a família à mesa reunida a comer coisinhas boas e a dizer disparates, a discutir e a vociferar, quando os ânimos aquecem (sim, somos tipo família italiana).

Fico triste com o facto de já não estarem cá pessoas de quem eu gostava muito e que tanta falta nos fazem.

Adoro os enfeites, as luzinhas, os cânticos, as canções pirosas e as menos pirosas.

Fico cansada pelos que têm de fazer uma ginástica mental enorme para resolver como se distribuem pelas famílias, pais separados, sogros separados, famílias afastadas e decisões que vão melindrar sempre alguém.

Adoro o espírito de união, de entreajuda, o facto de nos preocuparmos uns com os outros, de pensarmos em formas de surpreender, mesmo que com coisas simples, quem mais gostamos e por aí fora.

Fico chateada com o consumismo desenfreado, com a loucura das compras.

Adoro olhar para o ar surpreendido da Isabel, que já vive esta quadra toda entusiasmada e a cantar a música do pinheirinho vezes sem conta (aqui). Diz todos os dias: "Feliz Natal".

Fico sem chão quando penso em todas as crianças que não têm família, em todas as pessoas que estão numa cama sozinhas, em todos os que passam o Natal no meio de hospitais.

Adoro o presépio e tudo o que ele representa.

Fico nostálgica e cheia de saudades da magia que o Natal tinha para mim em criança, de ir apanhar musgo em Montejunto para o presépio; de acreditar no Pai Natal, apesar de achar estranho o facto de ele conseguir subir até ao 6º andar numa corda; de acordar dia 25 de manhã e ir ver o presente que ele nos tinha deixado; de dançar com o meu tio Jorge, sempre tão animado (que saudades do meu tio (!), que dizia que eu era a sobrinha preferida dele - a única); de ir ao cinema com os meus pais e irmão no dia 25.

Ai Natal, Natal... és tão bonito mas tão difícil de gerir dentro de mim.






Fotografias  I Heart You Photography

Da entrevista (aqui) que dei ao Save the Date


Se ainda tiverem um tempinho, podem ler estes textos:
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12.11.2016

Estou tão decidida.

Estou. Esta semana continuo a estar. Não gosto de ter decisões a pairarem na minha cabeça. Odeio os "logo se vê" e o "vai correr tudo bem". Prefiro "cortar o mal pela raíz", mesmo que isso implique que mais tarde tenha de admitir perante tudo e todos que mudei de ideias. A diferença? O intervalo. No entretanto, se me decidir (ou se achar que decidi) consigo tomar umas tantas outras decisões que estariam dependentes dessa. 

Neste momento ando inclinada para não ter um segundo filho, tal como escrevi aqui. Digo inclinada mas, aos poucos, estou a acostumar-me à ideia. Porém, quando é o Frederico a dizer que, por ele, também não teria outro, fico triste e até zangada (vocês percebem?). 

É pouco provável que venha a ter. Se vier, logo se vê, mas até lá tenho visto a minha vida como apenas mãe da Irene e parece-me tudo mais resolvido menos confuso para mim, deixando-me mais feliz. Se gostava de estar grávida outra vez? Neste momento só me lembro da parte má. Se gostava de ser mãe de um recém nascido outra vez? Neste momento só me lembro da parte "má". Já devo ter feito as pazes comigo por causa do parto e dos primeiros meses e já não sinto tão urgentemente a necessidade de me mostrar que sou capaz de fazer diferente e melhor. 

Vejo a Irene a ficar cada vez mais mágica e profunda e não me apetece adicionar mais "ruído" (também literalmente que os meus bebés não são como os da outra Joana que parece que choram com algodão na boca). 




Tenho ouvido argumentos parvos (a meu ver) e outros nem tanto para ter um segundo filho mas, para já, nenhum me parece interessar. Especialmente o "é sempre melhor ter um irmão para não ter de lidar com o meu funeral quando acontecer".  

Por esta minha (não) decisão vou emprestar tudo o que era da Irene a uma amiga que está grávida. Além de me desopilar a arrecadação, sempre ajudo uma amiga a não cometer suicídio financeiro por comprarmos milhares de coisas desnecessárias só por as associarmos a maternidade: lá vai ovo e isofix, lá vai carrinho e cadeira, lá vai trocador e cadeira de alimentação, espreguiçadeira, parque, etc... (mãe, as coisas têm um v de volta, caso seja "necessário", não faças essa cara). 



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12.09.2016

Façam só isto.

Tenho uma proposta para vocês, quase em forma de movimento. Este fim-de-semana, tentem esquecer a roupa, o pó, as arrumações, a organização. Sei que nem toda a gente pode dar-se "a esse luxo" mas tentem, se puderem, esquecer tudo o resto. Imaginem que vos restam apenas dois dias de vida e estejam só com os vossos filhos, namorados, pais. Façam sessões de cinema em casa, cozinhem qualquer coisa menos difícil juntos, façam um bolo de laranja, vão ao parque, corram, sujem-se, tomem banho juntos (com a sogra não se aplica, vá), vão ver as iluminações de Natal, os presépios da aldeia, apanhem musgo, façam uma aula de ginástica em casa, construções de Legos, dancem à séria, comam uma pizza, beijem, façam cócegas, conversem, olhem olhos nos olhos, escutem.

Deixem a louça acumular, a roupa empilhar, o pó fazer novelos de lã, a roupa encher-se de vincos... ponham umas palas e aproveitem as horas, os minutos. Quantas vezes achamos que temos tudo controlado e o caos instala-se de qualquer forma? Um dia não são dias e um fim-de-semana também não :)

Uma foto publicada por Joana Paixão Brás (@joanapaixaobras) a

Também nós deixamos o blogue a descansar no fim-de-semana. <3



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12.07.2016

Coisas que só uma mãe entende.

Pormos em causa as nossas capacidades, a nossa paciência, querer despachá-los para um sítio qualquer, desejar poder tomar um banho de espuma demorado a ouvir as borbulhinhas da espuma e deixar que a água tape os ouvidos, até ficar a ouvir apenas o coração, querer que a porcaria da comida desapareça do prato e do chão e da roupa que já ficou manchada, pedir a todos os santinhos para que não faça birra ao sair do banho que já temos a cabeça a latejar, rezar para que o dia acabe para conseguir aterrar 5 minutos no sofá e depois...

ser completamente desarmada com um "gosto de ti, mamãzinha" já na cama, que nos tira o cansaço de cima, o peso dos ombros, as dúvidas da cabeça, o desejo de os despachar para onde quer que seja, e só queremos estar ali, ser ali, ficar ali para sempre, com aquele corpo quentinho aninhado a nós e aquela voz doce e meiga a falar-nos ao ouvido, a encher-nos de beijos e de festinhas, a fazer sons de mimo enquanto suspira e adormece. 

Vale a pena. Sempre.

imagem We heart it
 P.S. Quem diz mãe, diz pai, diz cuidador.

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12.04.2016

Ponham-nos em frente ao espelho. Aprendam com eles.

Hoje estava a prestar atenção à minha filha a olhar-se ao espelho. Fez-se luz. Quero que façam um exercício. Ponham-nos em frente a um espelho. Vejam o quanto eles se adoram. Vejam o ar orgulhoso a olharem-se nos olhos, a sorrirem, a fazerem macacadas. Não há o mínimo de auto-crítica, de julgamento. Eles não vêem se têm nariz pequeno ou grande, queixo para dentro ou saliente, orelhas saídas ou coladas, sobrancelhas que se unem, cabelo escorrido ou seco, pele assim ou assado. Eles estão limpos de auto-censura, de crítica, de anos de julgamentos, de padrões e de frustrações. Eles olham-se e vêem o que interessa. 

quadro Just Word

Sim, filha. Tu és linda. Tu és perfeita, não sendo, somente porque isso não existe. Tu és feliz. O teu nariz cheirará flores perfumadas e sentirá a canela do arroz doce da bisavó Rosel por muitos anos; os teus olhos verão estradas e pontes, mares desavindos e revoltos a desabafarem na areia da praia, pessoas cheias de bondade e prédios com azulejo e casas rodeadas de verde e cães a correr atrás de bolas; a tua boca provará o sabor da paixão, sentirá o veludo de um batom cor de rosa, e provará o creme de uma bola de Berlim; os teus ouvidos ouvirão Caetano, o mar dentro de uma concha e as gargalhadas das crianças na praia. Tudo o resto, meu amor, não interessa. A simetria, a proporção, os traços a que tanto damos valor na nossa sociedade, são ocos, secundários, irrelevantes. Quero que olhes para ti e gostes do que vês, simplesmente porque és tu. E tu és insubstituível. Os teus olhos, a tua boca, as tuas expressões, são teus, são únicos e cada pedacinho teu é digno de ser amado. 

Temos tanto a aprender com eles. Tanto, mas tanto. 

Olhem-se ao espelho, apreciem tudo o que são, tudo o que já viram, já provaram, já beijaram, já ouviram. E agradeçam. Por tudo o que foram, por tudo o que são. 

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12.01.2016

Voltar para ela.

A viagem a Paris terminou ontem. 



Trazia memórias maravilhosas, fotografias mentais com uma luz inconfundível, momentos a duas, gargalhadas, conversas super interessantes e pessoas que conheci que me marcaram pela energia, simpatia, sentido de entreajuda, uma cama de hotel que dava para os quatro e mais dois cães e uma musiquinha boa daquela língua tão bonita e melodiosa na cabeça. 

Mas trazia também saudades da Isabel na bagagem. 
Hoje fui deitar-me com ela às 7h e picos, porque quis que acordasse comigo ao lado. Sentiu ali alguém, deu-me uma festinha na cara, percebeu que não tinha barba e fez um som de alívio e felicidade, uma cantiga melosa e doce, abraçando-me. Passados uns minutos, aninhada a mim, a suspirar e fazer uns sons impossíveis de descrever, enquanto dormia, disse "mãe". Um "mãe" de quem me esperava com mais ansiedade do que quem espera pelo Pai Natal. Fiquei automaticamente com os olhos cheios de lágrimas, a sentir que, por mais que me sinta bem a viajar, o meu lugar é aqui, junto dela. 

Por mais que digam que eles não sentem, eu sei que ela sente. Aprende a viver sem, tal como eu vou aprendendo, devagarinho, a deixá-la. Eu sou das que já advogou que me fazia falta, sou das que fez uma viagem quando ela tinha 9 meses (e depois se arrependeu), sou das que já a deixou ir para os avós dois dias de cada vez, sou das que acha que lhes faz bem, mas sou das que acha que com quem elas estão melhor (ou com quem gostam mais de estar) é connosco. 

Vou gerindo tudo da forma que vou sentindo ser o melhor para todos. Talvez este verão já consiga deixá-la mais dias com os avós, quem sabe? Logo se vê! A verdade é que eles são todos diferentes, uns adaptam-se melhor que outros, uns gostam mais de andar agarrados às mães, outros adoram saltar de casa em casa... e, da mesma forma, há pais mais ou menos despreendidos (e não há mal nenhum nisso). Mas eu recordo-me de ter muitas saudades dos meus pais quando eles viajaram pela primeira vez sem nós. Ou de me sentir muito triste numa casa de uns amigos da minha mãe, numas férias, apesar de estar habituada a ficar em casa das avós. Fez-me bem? Sei lá! Não sei se é daí que vem a autonomia, a independência, mas parece-me que não necessariamente. No entanto, acho que é importante que elas vão criando laços fortes com outras pessoas que não os pais e acho que é importante termos (eu e o David - vocês saberão de vós) momentos sem elas. A seu tempo. Ao nosso ritmo. 


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11.25.2016

"Não quero a mãe!"

Doeu-me. Muito. Na alma. Nunca a tinha ouvido expressar tal coisa. "Não quero a mãe". Assim. Com um olhar duro. Assim que cheguei à sala dela, na escola, para a ir buscar. Chorei por dentro. Fingi que não. O meu lado mais optimista procurou o humor. "Olha, isto é para me preparar para a parvoíce da adolescência, quando gritar do quarto que me odeia", pensei para os meus botões. Não correu para mim, não ficou feliz de me ver. Não foi a primeira vez, mas desta vez disse-o. Fiquei ferida. Mesmo tentando desdramatizar, mesmo sabendo que me adora mais do que ninguém. "Vá, Isabelinha, vamos para casa, amor." "Não quero ir para casa". Okay, não é novidade. Nunca quer ir para casa, adora a escola e quer ficar sempre mais um bocadinho. Mas ultimamente demoramos uma eternidade a sair. A Luísa cansa-se, choraminga por levar com uma enxurrada de mãos e apertos e festinhas dos colegas da sala, e nem perguntando se quer ir ao pão ou à loja da fruta a convenço. É difícil. Depois de lhe dar tempo, é tempo de ir. Corre pela escola, foge, não quer ir ao colo, não quer entrar no carro, não quer ir na cadeira. Eu, que até lhe consigo dar a volta tantas e tantas vezes, não tenho conseguido. Todos os dias, sempre que sou eu a ir buscá-la, é um número de circo para a levar para casa. Já sei que há birra certa no carro.

Mas desta vez foi diferente. Pior, muito pior. Eu estava a pensar em tudo o que poderia estar a fazer de errado. Perguntei-me baixinho, por entre o choro alto da Isabel, que interrompia para dizer que queria ir à Susana (a educadora), o que estaria a fazer de mal. Quis saber o porquê daquela repulsa. Não era suposto, depois de tantas horas separadas, ela querer ver-me, estar comigo, brincar comigo? Não querem todas as mães ser recebidas com um enorme abraço? Serão ciúmes? Estarei a dar-lhe pouca atenção? Por que razão se contorce toda e chora como se não houvesse amanhã, aos soluços, quando tento prendê-la na cadeira? Por que razão não colabora? Acabo por aleijá-la, às vezes, ao prendê-la à força e, depois de tanto tempo aos berros, às vezes acabo por perder a calma e dizer-lhe que estou zangada e triste, levantando a voz. Já lhe pedi que se calasse também. Já gritei por cima. É extenuante.

Viu-me chorar. Chorei muito e não escondi. Quando saímos do carro quis ir ao meu colo e deu-me abraços. Muitos. Perguntei-lhe o porquê, e ela, de nariz vermelhinho de tanto chorar, deu-me um beijo e fez um som querido. Foi o pedido de desculpas à maneira dela.

E agora? Vai ser sempre assim? Faz estes números comigo por se sentir à vontade? Por saber que o meu amor é inesgotável? Por saber que não fujo? Mas... até quando? O que se está a passar?

Tento, nos meus momentos de tristeza e de ira, lembrar-me de que ela é um bebé, para fugir à tentação de a tratar como uma adulta e exigir-lhe sensatez e controlo, quando até eu o perco. Já me apeteceu esbofeteá-la. E ontem, o meu lado mais irascível estava a apoderar-se de mim e eu só queria que parasse, até porque aquilo me estava a assustar e à Luísa também. Parecia um animal ferido, a gemer. Quase lhe ouvi os uivos.

Não sei o que lhe acontece nesses momentos. Só sei que tenho de ajudá-la. Alguém me consegue ajudar a ajudá-la?



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