12.30.2014

5 coisas parvas que gostava de ter sabido antes


Sabem aquelas coisas que gostávamos de ter sabido antes, mas que no fundo não mudava quase nada se as soubéssemos? Coisas que na altura parecem o fim do mundo, mas depois vai-se a ver e são só parvas?

Cá está uma lista mais ou menos aleatória de idiotices que nos podem moer nos primeiros dias na maternidade:

#05 olhos tortos
É normal que os recém-nascidos tenham um olho a olhar para o burro e outro para o infinito. Por isso, nada de, ainda na maternidade, ficarem cheínhas de medo que a vossa filha se pareça com a Rita Pereira (se bem que até não ficavam mal servidos, que é gira que se farta).

#04 ventosa
Quando o vosso filho não está a querer sair nem por nada pelo vosso pipi por variadíssimas razões, a equipa médica pode ter de usar ventosa - tipo desentupidor de canos, estão a ver? E como é que a médica pede a dita? Achavam que dizia "ventosa, ófaxavor?" Não, não. Fala em código, neste caso com um som "bahbah" (onomatopeia inventada agora com som de desentupir canos).

#03 miauffff
O vosso filho pode nascer com uma cara que parece ter sido arranhada por um gato ou ficar com ela assim logo nas primeiras horas. A Isabel nasceu com unhas de fazer inveja a muitas mães e uma cara que parecia um quadro de Miró. Não sei se já alguém concorreu ao Guiness com isto, mas eu posso apostar que foram as unhas mais compridas de um recém-nascido. Comprei logo uma lima (wrong! tesoura, tesoura, tesoura) e ainda tentei solucionar aquilo, mas já foi tarde.

#02 calor tropical
Como nasce no Inverno, três babygrows quentinhos, três casaquinhos, três pares de colants, botinhas de lã, gorrinhos, mantas. Mala de maternidade pronta. Danger, senhoras! Perigo de verem os vossos filhos a derreter! Encarem a maternidade como uma viagem ali ao Brasil, estejam preparadas para temperaturas a rondar os 60 graus e para as visitas que ainda aquecem mais o ambiente. (Ou seria eu que estava em brasa? Digam-me: não sentiram que estavam numa sauna?)

#01 mecónio
Meconiquê? Na maternidade, uma enfermeira vai fazer um número de contorcionismo com o vosso bebé, para o ajudar a fazer cocó, e vai parecer que o estão a tentar encaixar numa mala de viagem a abarrotar. Agarra as pernas, encolhe as pernas, espreme o puto, até começar a sair o mecónio. Não, não descobriram uma reserva de petróleo, aquela é a cor do primeiro cocó dos bebés.


Mães grávidas, que tempo mais bem gasto das vossas vidas com dicas e alertas importantíssimos! Só que não. Este foi talvez o texto mais estúpido que já leram. Comprem mas é o livro do Mário Cordeiro, que aqui não se aprende nada.

12.29.2014

A culpa é sempre da mãe

Lembro-me de estar grávida e de ter o maior susto da minha vida, até ali. Vi sangue. Saí, em pânico, a correr da casa de banho e fui às urgências. Fui o caminho todo a chorar e a suplicar para que tudo não passasse de um pesadelo. Lembro-me da culpa. Que não devia ter feito tanto esforço, tantas horas a trabalhar, quem é que eu pensava que era? Uma super-mulher? Que mãe ia ser eu? Assim que ouvi aquele coraçãozinho a bater, desfiz-me em lágrimas à frente de todos e soube: coração de mãe vai andar nisto a vida toda. Entre a alegria e a tristeza. Entre a euforia e a preocupação. Entre o cuidado e a culpa.

A culpa, essa maldita que nos assola nos momentos em que algo não corre bem. Voltei a senti-la na semana passada. Quando fui três dias para Praga e a Isabel ficou com a avó. No Facetime, deu um pulo quando me viu e eu senti culpa. Quando a minha mãe me ligou a dizer que ela estava bem, mas queria muito colinho e chucha, senti culpa. Ela estava com saudades minhas. Quando dei por mim feliz, a namorar, senti culpa.

Mas o pior ainda estava para vir. Quando cheguei a casa, a minha mãe disse-me que tinha tido febre nesse dia e vomitado o almoço. Tentei engolir o choro. Depois, quando adormeceu no meu colo e vi que a respiração dela não estava bem, a culpa apoderou-se de mim. A minha filha está doente e eu andei no bem-bom a passear e a dormir? Hospital, já.
No hospital, ouvi o que não esperava ouvir: pneumonia. 

-"Há quanto tempo está assim com tosse?" 
-"Há um mês e tal, doutora".
- Mas só agora...
- Só agora fez febre. Fui ao Centro de Saúde com ela há um mês, auscultaram-na e disseram-me para continuar a fazer aerossóis, mais nada. Fui à pediatra há uma semana e meia e disse-me que a expecturação estava alta e que não se fazia nada por enquanto, continuar a limpar com soro, aspirar pontualmente e aerossóis só com soro", tentava esquivar-me ao olhar da médica e ao meu sentimento de culpa. 

Eu sabia que a minha filha tinha tosse. Eu fui com ela ao Centro de Saúde. Eu enviei várias SMS à pediatra. Eu fui com ela à pediatra. Que mais poderia eu ter feito? Será que o meu instinto não funcionou? Por que é que não a consegui proteger daquela bronquiolite que se transformou em pneumonia? Fui má mãe? Fui negligente? Estas questões atropelaram-se na minha cabeça vezes sem conta. Quis trocar com ela. Quis que ela me perdoasse. Senti culpa, muita culpa, mesmo fazendo um esforço para racionalizar tudo aquilo.

Será que estando cá teria notado que ela estava mesmo doente, sem ter febre? Ou teria esperado pela febre para ir com ela às urgências? Tenho quase a certeza que só assim teria tomado esse passo. Então por que é que a minha consciência me continuava a perseguir? 

Digam-me, mães experientes, vai ser sempre assim vida fora? Vamos achar que podíamos ter feito sempre mais alguma coisa? A culpa é sempre da mãe?

Saldinhos

Nunca se nega uma ida à Zara no primeiro dia de saldos. 

Nada de gozar com o meu wallpaper que sou muito fofinha no seio do meu telemóvel.



A mensagem de voz era eu a referir as minhas pobres condições a nível de aparência, pouco aceitáveis para sair "à rua".

Para verem como são diferentes os nossos gostos...

Compras para a Irene (por mim, Joana Gama): 


Claro que ela não vai andar vestida com as leggins que começam a aparecer aí em baixo. É para vestir por baixo dos babygrows que comprei na Primark que deixam a miúda congelar forte e feio se não tiver mais nada por baixo.



Comprei um vestido de lã ou algo parecido, mas não consigo encontrar a fotografia em lado nenhum no site e já pus para lavar. 


Compras para a Isabel (por mim, Joana Brás): 
Ainda demos um pulinho à Lanidor, quer dizer, dei eu que a Joana Gama estava a dar de mamar. 

E ainda deu para mais uns estragos:


Se bem se lembram sou aquela que veste a miúda com fofos, tapa-fraldas e roupas coquetes, mas não sempre. Também tenho calças iguais às que a Joana Gama comprou para a Irene e visto-as mesmo sem ser por baixo de babygrows: gosto de ver a Isabel confortável para ir para a creche. Mas não resisto a vê-la toda girly no fim-de-semana.

Desta vez também comprei um casaco para mim e uns calções. Sim, já consigo vestir calções, que isto de ter apanhado um susto com a filha deu os seus frutos e as minhas pernas já não parecem lombo de porco pronto a ir ao espeto. Nada contra o lombo de porco, adoro se regado com vinho verde e bem temperado com folhas de louro.




Larguem-me o puto, pá!

Epá, mas porquê? Porquê? Se somos portugueses, por que é que gostamos de ver tudo "à espanhola"? 

Até quando temos alguma amiga com maminhas novas  temos vontade de ir lá mexer (às vezes nem temos, mas elas parece que querem muito que se mexa), mas aí não tem mal. Pode ser só um bocadinho pouco católico e talvez um prazer enorme para algum ser (daqueles que demoram uma eternidade na casa de banho a fazer o número dois) que acidentalmente passe por lá, já que acabou de ouvir a palavra "mamas". 



Vamos lá a ver se a gente se entende e isto é válido para familiares "mais afastados", conhecidos, estranhos, velhotas queridas, outras mães, etc: 

LARGUEM-ME O PUTO, PÁ!

  • Já sei que o meu filho é muito lindo ou muito querido, mas ficava bem melhor se não lhe enfiasses as patinhas cheias de tabaco em cima. Se não é tabaco, pode ser de uma chamuça que tenhas comido minutos antes. Não mexe!
  • Já sabemos que ele tem umas pernas muito gordinhas ou fofinhas, não é preciso ir lá mexer. Creio que ninguém gosta que se lhe faça o mesmo. Além de dizer que a outra pessoa está gorda, ainda vai para lá amarfanhar a carne, sem a conhecer de lado nenhum, mas o que é isto? Cheira-me a assédio. Larga, pá!
  • O bebé não sofre de miopia, podes falar um bocadinho mais longe da boca dele ou vais dar-lhe um linguado? Fala fora do carrinho, ele ouve-te. E mesmo que não te oiça, também não faz assim tanta indiferença. Por que é que não vais falar tão de perto para cima de um bonsai? Seria óptimo para o regar devagarinho. 
  • És cabeleireiro? Então para de tentar pentear o meu filho. Primeiro, estás a violar a sua aparência individual, estás a pô-lo penteadinho como os outros. E, depois, gostarias que alguém bem mais velho que tu que não conhecesses, te acachapasse os cabelos no escalpe? 
  • Estás doente? Por que é que estás a falar comigo? Por que é que estás no mesmo elevador que eu se viste que eu tenho um bebé no carrinho? A tua ideia é que pareces menos doente se pegares a toda a gente? 
  • A sério? É giro pegar em bebés que mal conheces ao colo? Tens uma tendência pequenina para o rapto? Não? É que é isso que alguns bebés podem sentir. Tira-os do colo da mãe porque te apetece ter um no teu, se ele gosta ou não, é indiferente, não é? Há que pedir à mãe se pode ir ao colo. Até eles terem uns 30 anos, somos nós quem sabe em que colos (do útero) andam metidos (literalmente, no caso dos rapazes) ou em que colos se andam a sentar (no caso das raparigas). Eles sentem-se bem ao pé das pessoas que conhecem. Seria giro tirarem-te da cama e porem-te no meio de uma palestra sobre fenícios sem te perguntarem nada? Seria desconfortável, triste e imbecil. Pois. Está dito. 
O melhor é largar. Só se faz com os bebés o que se tem confiança para fazer com os pais. 


Qualquer noção de que possa ser misofóbica ou hipocondríaca está assustadoramente perto da verdade, mas só desde que fui mãe. 

*imagem do site We Heart it. 

12.28.2014

Não senti.

Não é um post com humor. Não é um post de uma lista de coisas. 
É um post que, para ler, requer coração. Amor. E, acima de tudo, compreensão. 
É normal nem tudo ser normal. 
Não amei a minha filha assim que a vi e quero que outras mulheres se sintam normais comigo e com elas. 


Depois de 9 meses contigo a crescer dentro de mim, sonhei em ter-te nua nos meus braços.

Já gostava de ti quando ainda eras só o bebé. 

Antes mesmo de ter a certeza de que já estavas em mim, já te amava. 

Quando decidimos ter-te, já estava apaixonada por ti.

Quando ouvi o teu coração bater pela primeira vez, chorei e apercebi-me que ias mudar a minha vida para sempre e para melhor. 

Quanto te vi pela primeira vez,  prometi que te ia dar tudo, tudo o que tinha e não tinha, para sempre.

Quando te senti pela primeira vez, chamei-te filhota. Foi a primeira vez que comunicaste comigo.

Comecei a construir o teu quarto. A coreografar toda uma divisão com coisinhas para que te sentisses tão bem quanto possível, apesar de fora da minha barriga. Lavei toda a roupa que os avós te tinham comprado, estendi e passei. 

Preparei o mundo cá fora para ser o melhor possível para ti. Só pensei em ti, a todas as horas nesses 9 meses. 

Chegaram as contracções. Dor. Ansiedade. Medo, mas menos do que pensava, por saber que te ia conhecer. 

Fui a sorrir para o bloco, apesar de ter dois caminhos de água salgada já seca até às bochechas.

Tinha o meu maior amor ao meu lado, na poltrona e o meu amor por conhecer, na minha barriga, pronto para sair.

Passado um dia, passadas dezenas de epidurais (ou lá o que eram), horas em "jejum", uma infecção, uma ventosa... existes!

Existes e paraste de chorar. Deixaste de respirar. Respiraste outra vez. Foste para a incubadora, por estar mais quentinho. 

Senti que queria ter mais um bebé, mas não me apercebi que estavas ali. O meu coração parou e, apesar de manter todos os meus outros sentidos, o sentimento não estava. 

Tive noção de que algo não estava bem. Não senti. Não senti o que todas as mães dizem sentir:

"Fiz mal em ter engravidado?" "Não mereço ser mãe?" "E agora?" "Por que é que não estou a chorar de felicidade?" "O que se passa comigo?" "Estou doente?" "Sou doente?" "Não sinto nada"

Senti amor, sim, mas pelo pai quando te pegou ao colo.

"Por que é que o meu corpo está a torná-la invisível?" "Não vou poder falar sobre isto com ninguém, que vergonha" "Já sou má mãe e ainda nem acabaram de me coser"

Fui para o quarto, lá em cima. O pai foi mandado embora. E, sem me poder mexer, estando ainda o meu corpo a repetir todas as dores que senti ao longo das últimas 24 horas, sabia que estavas ao meu lado.

Além de não conseguir ir ter contigo, ou mexer-te, estava escuro. Mal te via. As outras mães estavam a descansar. Por que é que eu não te queria ter perto de mim? Por que é que nem pensei nisso? Tinhamos acabado de ser separadas e por que é que eu não sentia nada? 

Sentia-me apenas sozinha por não ter ali o teu pai. Além de ter ficado sem o bebé que amava (foi como se tivesse desaparecido), não tinha ali o meu melhor amigo.

Na segunda noite, não pudeste ficar comigo. Tiveste de ir com os enfermeiros. Não me fez confusão. E odiei-me por isso. Tive vergonha de não sentir nada. Tanto que me levantei para ir perguntar por ti, mas apenas para ninguém desconfiar que não sentia nada. Fui por obrigação. Por responsabilidade e não por amor.

Afinal não é sempre verdade o que as outras mães dizem.

Estava assustada. Insegura. Choravas e eu não sabia porquê. No dia seguinte já era para vir para casa e eu não queria, porque começava a ser mãe e não sentia nada.

Viemos. 

Coxeava contigo de um lado para o outro, tinha-te ao meu colo, adormecias com a mama na boca, mas não conseguia falar contigo. Estava em piloto automático. 

Até que. Até que me apaixonei por ti...

ou...

... até que voltei a mim. 

Fui amando-te mais e mais todos os dias. Não me imaginava um único segundo sem ti. Tinha de estar sempre a olhar para ti. Não me conseguia mexer quando adormecias em cima de mim só para ter o privilégio de ouvir a tua respiração. Tinha todo o cuidado do mundo a mexer-te, não te fosses partir. Durante a noite sonhava que estavas no meu peito. 

Sou Mãe. 

E, afinal, amo-te. Amo-te tanto quanto as outras mães que dizem que sentiram tudo de uma só vez. 

Afinal não estou estragada e vou conseguir dar-te todo o amor que mereces e ainda mais. 

Tenho saudades tuas e estás a dormir ali.

Choro agora de alívio, não estou estragada.

Vais ter a Mãe que mereces. 

E dia 27 de dezembro foi Natal

A expressão "Natal é quando o Homem quiser" nunca fez tanto sentido. Quando chegámos a casa, depois de seis longos dias de internamento, fomos dormir a sesta. Acordei primeiro do que ela (devia estar a sentir-se tão confortável em casa que dormiu 3 horas seguidas) e decidi que naquele dia ia ser Natal

Montei a casa de bolacha de gengibre, a árvore de bolacha e pus a mesa. Seria a primeira vez que nos iriamos sentar os três à mesa. Dei-lhe banho, vesti-lhe uma roupa mais betinha e fomos degustar uma comida tipicamente natalícia. Bacalhau? Peru? Não, não, frango assado. Ela comeu frango com arroz e a minha sala voltou a fazer sentido: comida por todo o lado. 

Depois o nosso presente: um nenuco. Lembro-me bem do meu, fazia xixi e tomava banho comigo. Achei que era cedo para ela se apegar ao boneco e que só iria fazer sentido quando tivesse uns dois anos, mas por acaso foi amor à primeira vista! Lambuzou e estrafegou logo a boneca toda.

Voltar a tê-la na minha cama, a ver muito atentamente as ilustrações dos livros (vai-se a ver e a miúda até está mesmo a ler) e a brincar com os peluches (ou a mandá-los para o chão, é mais isso) comoveu-me. É tê-la onde ela pertence. Aqui, connosco, para sempre.


















12.27.2014

Co-sleeping (perguntas parvas)

Nada contra quem pratica co-sleeping ("praticar", até parece que estou a falar de hipismo ou de swing - coisas com algumas semelhanças entre si), até gostaria de ser uma dessas pessoas, mas nem pensei que isso fosse possível com bebés. Dormia muito com a minha mãe quando já era maiorzita, mas era porque estávamos as duas sozinhas. 



Pais do co-sleeping, conheço as vantagens (acho brutais, mesmo, então para mim que me levanto n vezes durante a noite para dar maminha), mas... posso fazer algumas perguntas estúpidas?

Vamos a isso: 

  • Quando o pai e a mãe querem ser malandrinhos, como fazem? Põem a bebé a um cantinho da cama e fazem as coisas muito devagarinho e sem barulho?
  • E se o pai roncar mais alto que a porcaria dos comboios da linha de Sintra (nosso caso)? Isso não acorda o bebé?
  • E se o pai se vira a esmaga o bebé?
  • E se a mãe, com as suas enormes tetas, esmaga a moleirinha (é assim?) do bebé?
  • E se um dos pais falar a dormir? O bebé acorda?
  • A mãe consegue dormir com os barulhinhos todos do bebé e os seus movimentos? Eu não consigo e ela está no quarto ao lado... 
  • E se alguém tem um pesadelo e lhe dá um pontapé?
  • E se, ao nos taparmos, o bebé ficar por baixo do edredão e com pouca oxigenação?
  • Os bebés quando são pequeninos, têm de ficar de barriga para cima. Se adormecerem a mamar, deitados, não ficam de lado?
  • Se é suposto os bebés arrotarem depois de mamar para terem menos cólicas e para se bolçarem menos, mamar na vertente co-sleeping não prejudicará essa questão?
  • A separação do bebé não se torna ainda mais dolorosa depois? Uma das coisas mais difícil de se voltar a ser solteira deve ser a cama vazia, não ter lá o bebé deve ser ainda pior!
Se alguém me responder a isto com carinho, pode ser que o meu próximo filho durma comigo às escondidas de toda a gente cá em casa, mesmo depois de ser parido! :)


*imagem do site We Heart It.

Como se tornar numa mommy blogger de sucesso

Ser uma mommy blogger está na moda. Sim, nós somos mommy bloggers, mas, como já perceberam de certeza, somos tipo aqueles penetras que entram na Moda Lisboa sem saber nomes dos estilistas e sem o menor sentido de estética.
Não somos um blogue de maternidade convencional: nem tudo é perfeito, os nossos filhos não estão sempre bem vestidos, têm casacos com borbotos e estão ranhosos e doentes, dizemos asneiras e não temos os melhores looks nem o cabelo sempre arranjado... No fundo, somos o velhinho Estrela da Amadora nos início dos anos 90: estamos na segunda liga, mas com muito esforço talvez até consigamos chegar à primeira (pensando bem, talvez esta comparação não tenha sido boa, até porque o Estrela da Amadora subiu algumas vezes à primeira divisão e depois faleceu. Paz à sua alma).

Desengane-se quem pensa que ter um blogue de sucesso é fácil. "Ah é só escrever umas coisinhas, tirar umas fotos e está feito!", "Aquilo também eu faria." Então, força! Boa sorte!

Antes de se aventurarem, ficam as seis regras para pertencerem à Primeira Liga:

1. FILHOS SEMPRE EM ALTA. Os vossos filhos não têm ranho no nariz, nem ar de quem acabou de acordar, não fazem birras nem ficam com restos de sopa seca no queixo. O cabelo tem de estar sempre penteadinho, com um laço (se forem miúdas, senão seria estranho), e as roupas são sempre da última grife.

2. MÃES QUE PARECEM A IRMÃ MAIS NOVA. Mãe blogger que se preze fica em forma no dia do parto e se não fica, tem de parecer. Looks sempre fantásticos, cabelo sempre brilhante, olheiras sempre disfarçadas.

3. CASAS DE REVISTA. A vossa casa tem de estar sempre pronta a ser fotografada por uma revista do jet set. A sala tem um tapete branco imaculado, não há um brinquedo no chão, nem restos de papa.

4. FOTÓGRAFO PROFISSIONAL. Estão a ver as fotografias tiradas com telemóvel, em que eles estão super espontâneos e lindos, mas ficaram um nadica escuras e têm um braço desfocado? Esqueçam. Na blogosfera, se querem ter alguma credibilidade, têm de publicar fotos com a luz certa e o enquadramento digno de um World Press Photo.

5. SÍTIOS IN. O restaurante do momento, a loja mais querida, a feira das roupas mais apetecíveis. Se possível, ir a fazer matchy-matchy com os filhos (para quem não sabe, é irem vestidos a combinar).

6. MUNDO PERFEITO. A maternidade é um mundo cor-de-rosa, os nossos filhos estão sempre sorridentes, não há dores de amamentação e até parece que isto não dá muito trabalho. O quartinho deles é um reino encantado e todas as fotos espelham a felicidade que é ser-se mãe.

Quando é que vamos conseguir cumprir estes requisitos? Nunca, não é? Fiquemo-nos, orgulhosamente, pela segunda divisão.


12.26.2014

Regresso ao nono ano (ou a importância de tentar)

Estou na segunda fila, sentada na secretária, a usar o esquadro e o compasso. O professor chama-me à secretária dele. Estamos na aula de Educação Visual do nono ano. Pergunta-me, assim do nada, que profissão gostaria de ter. Respondo a gaguejar, como quase sempre.

"-Quero ssser jojornalista."
"-Jornalista? Mas gaga não pode ser jornalista! A Joana tem capacidade para muitas coisas, mas essa não me parece! Digo isto para o seu bem!"
Engoli em seco. Os meus olhos encheram-se de lágrimas, que consegui a muito custo controlar.

Nesse dia, cheguei a casa e enfiei-me na cama vestida. Não quis comer, pela primeira vez não quis falar. A almofada ficou ensopada. Adorava ler, escrever e falar, mesmo que demorasse mais do que os outros, mesmo que fosse alvo de chacota. Punha o dedo no ar nas aulas, pronta a participar, mesmo que isso significasse chamarem-me "cobrinha". Não por ser má, longe disso. Simplesmente porque carregava nos "esses", arrastava-os nas palavras, repetia-os. "-Ssssssssstora, sssssserá que isso ssssssignifica..." Risada total. Todos riam, menos eu. Continuava com a minha questão. Queria lá saber. Queria fazer perguntas. Era gaga e então? Era feliz, tinha amigos, tocava guitarra, cantava nos Onda Choc (sim, nos Onda Choc, o sonho de qualquer miúda daquela idade), era boa aluna, gostava de mim, independentemente da minha gaguez.

Mas naquele dia não. Naquele dia era um professor, do alto da sua experiência, que me aconselhava a não seguir o meu sonho, "para o meu bem". Não me lembro de pregar olho naquela noite.
Lembro-me da minha mãe me dizer que ele era parvo e que eu podia ser o que eu quisesse. Ou que, pelo menos, podia tentar.

Hoje sou tudo aquilo que queria ser no nono ano. Faço perguntas, trabalho com palavras. Escritas, ditas. Respiro fundo e faço a magia acontecer.
Confiei na minha mãe e acreditei em mim.

É este o papel de um pai. Mesmo conhecendo as limitações dos filhos, não os privar de sonhar, de correr atrás, de lutar. Há limitações que deixam de o ser, se acreditarmos muito, se nos esforçarmos muito.

Por isso, vou dizer: "Isabel, o mundo é teu. Vai. Cá estarei, se não conseguires. Mas tenta."





12.25.2014

A maior gaffe deste Natal vai para...

... Joana Paixão Brás!

Então um dos poucos presentes que ofereci foram uns sais de banho cheirosos. Até aqui nada de mal.

Só que acontece que a pessoa em questão não tem... Tchan tchan tchan... Banheira! 

"Epa isto cheira tão bem! Mesmo bom para usar lá no poliban" (gargalhada geral).

Ainda sugeri pôr num alguidar com água morna para fazer um spa de pés... mas acho que só me enterrei mais. Até que me lembrei "passam um fim-de-semana romântico lá em casa e usam a banheira"

Ainda agora me desmancho a rir ao lembrar-me da minha azelhice. Cabeça de mãe fica assim destrambelhada de todo, não fica?

Se tiverem maior gaffe avisem! (Duvido que me superem, teriam de se esforçar muito!!!)



12.24.2014

Nunca mais é meia-noite



Lembram-se de esperar, envoltos em curiosidade e magia, pelas doze badaladas? 
De mexer nos presentes, abanando os embrulhos para tentar descobrir o que estava lá dentro? 
De perguntar 5 vezes a cada minuto: "já é dia 25?"
De inventar mil e uma estratégias para passar o tempo?
Ou de haver anos que já era meia-noite e meia e ninguém tinha dado por isso?
De comer tantos doces e chocolates até ficar com dores de barriga?
De estar na cozinha a rapar os tachos e a desajudar?
De ficar a olhar para cada enfeite na árvore e para as luzes a piscar?
De ir apanhar musgo para fazer o presépio?
De ver horas a fio os anúncios na televisão até os saber de salteado?
De cantar a música da Leopoldina (e de ainda a saber de cor!)?
De acordar dia 25 e ir à sala ver o presente que o Pai Natal tinha deixado? 
De percorrer as páginas e páginas de brinquedos do Modelo ou do Lidl e de fazer bolas e cruzes a escolher os que mais gostávamos?
De escrever a carta ao Pai Natal a dar conta do quão bonzinhos fomos?

Este vai ser o primeiro Natal da Isabel. Não vai ficar impaciente à espera da meia-noite nem faz ideia de quem é o Pai Natal. Muito menos esperava passá-lo no hospital com ela. 

Mas eu estou curiosíssima para saber se daqui a uns dois anos vai gostar tanto desta época como eu!


(Fotografias tiradas no dia da festa de natal da escola, já em casa e super bem-disposta. Saudades de vê-la assim, feliz!)


12.23.2014

Inventam tudo (#02)

Se receberem, de fininho, esta prenda no Natal, guardem o talão para trocar por outra coisa qualquer. 

Quando vimos isto (o meu rapaz e eu) na internet, ficámos malucos: "Nãaaaaao! Como é que isto não é usado por toda a gente? Isto é espectacular! Percebo que ainda não tenham inventado a cura para a rosácea, tendo-se dedicado a isto!"

Parece que estávamos enganados. 

Apresento-vos a...


Colher squirt. 
Tal como o nome indica, é uma colher que possibilita um jacto. Não parece incrível e maravilhoso? Põe-se a sopa no reservatório de silicone (ou lá o que é) e, se apertarmos, a comida sai por um orifício pequenino e enche a colher propriamente dita. 

Vantagens do conceito? Todas! Não suja um prato, ficamos com as mãos livres para afastar as mãos deles da colher ou para lhes limparmos as fuças, é só por na máquina de lavar...

Vejam lá o vídeo (ou não, podem passar à frente que só serve por motivos de curiosidade): 



Afinal, cá em casa, chegámos à conclusão de que não só a Squirt não é assim tão fabulosa, como não deveríamos ter sido garganeiros e ter afiambrado logo duas pela net e, pior, nunca deveria ter convencido a Joana Paixão Brás a comprar uma também para a Isabel. 

Desvantagens: 

  • Temos de sujar um prato na mesma porque não vamos aquecer a sopa dentro da colher no microondas. 
  • Visto que é mais indicado para bebés mais pequenos dado o tamanho da colher ser proporcional ao tamanho da boca de um bebé em idade de iniciar sólidos, a colher devia ser mole. Cheguei a magoar as gengivas da Irene com isto, numa daquelas vezes com falta de timing em que a miúda abre a boca e não cheguei a tempo. 
  • Se a sopa for um pouco mais consistente, tipo puré com alguma coisa (como é suposto ser), não passa tão bem pelo orifício. 
  • É preciso espremer com alguma força quando já há menos quantidade ou mesmo sacudir a maldita colher para que a sopa chegue toda à parte do orifício. Se não o fizermos, a colher está constantemente a espirrar o puré de legumes para cima da criança. É só estúpido. 
  • É um utensílio mais difícil de manusear por ficar pesado com a sopa. 
  • Quase metade da sopa depois fica agarrada ao silicone sem descer para a colher, por muito que apertemos. Desperdiça-se comida. 
Espero não ser processada pelos senhores que fabricam a colher, mas se forem tão bons em clipping como a fazerem colheres, não terei com que me preocupar. 

Fica a dica. 

A arte de mudar fraldas a dormir.

Claro que o título se refere a quando os bebés estão a dormir e não nós. Nós sabemos perfeitamente como mudar fraldas a dormir, basta que lhes tentemos mudar uma fralda às 2h da manhã ou às 5h ou... 

Aqui entre nós, só vou à parte "deixa ver se é a fralda", depois de já ter experimentando tudo o resto. É muito arriscado, durante a noite, estar a mexer-lhes muito, estar a por-lhes a fralda e eles com as pernas ao léu. É um pânico terrível.

Senão vejamos aqui os nossos principais inimigos

  • Luz. Parece que não há uma luz indicada para que consigamos ver bem o que estamos a ver e que não os desperte. Vou pegar na venda que temos ali no quarto e pô-la na Irene. O quê? Eu disse que temos uma venda no quarto? Ah. É porque o estore está estragado e eu não consigo dormir com luz (serviu?). 
  • Frio. Quanto mais frio, mais enchouriçado está o bebé, mais roupa temos que despir e mais briol apanha quando tem as pernas cá fora. Se, ao menos, houvesse uma maneira de por uma espécie de tubo na fralda, aspirar e não ter que os despir... Hã? Óptimas ideias aqui para vocês. Se me aparecem no Shark Tank com isto, dou-vos uma murraça.



Ora aqui vão (e de graça) algumas dicas que eu cá aprendi por sentir que estou sempre num campo minado, quando lhe mudo a fralda à noite (evitei ao máximo mudar-lhe fraldas durante a noite, sob aquela máxima do "mas na caixa diz que aguenta até 12 horas", a questão é que há mesmo uma altura em que se torna inevitável, por muito que tentemos negar e, acreditem, tentei): 

  • Mudar a fralda na cama. Ter tudo à mão, claro. Não nos podemos dar ao luxo de, ainda por cima, termos que mudar os lençóis por ficarem sujos. Temos de ser rápidas como os chefs quando cortam vegetais daquela maneira sexy. Os especialistas dizem que o caldo está entornado (para voltarem a adormecer) se os pegarmos ao colo, por isso, visto que dá para mudar a fralda na cama...
  • Não usar babygrows armados em finos. Quanto mais práticos forem os babygrows, melhor. Se forem daqueles com molinhas no rabo, é complicado porque temos de os virar do avesso para por as pernas de fora.  Pijamas. Os pijamas são nossos amigos. É só baixar as calças e já está. Estou há meia hora para pegar na última frase ("É só baixar as calças e já está) e acrescentar-lhe a seguir: "mais ou menos como comer a - inserir nome de porca famosa aqui -", mas não tenho coragem. Até tenho, mas um dia, sei lá, posso vir a trabalhar com elas, sei lá. Pronto. Fica Elsa Raposo.
  • Tirar o bolo e pronto.  Temos de pensar que eles já têm muita sorte em que estejamos a arriscar a nossa vida (noite) em lhes estarmos a mudar a fralda. Por isso, não hão de falecer se retirarmos só o "bolo" e trocarmos a fralda (por "bolo", entendam "cocó", acho que mais vale explicar do que acharem que guardo um mil folhas nas fraldas da Irene). Sinto sempre que ela desperta com o facto das toalhitas estarem frias. Eu sei que existem aquecedores de toalhitas, mas por favor, já comprei um aquecedor de biberões à parva, já chega. 
  • Guardar a fralda suja no dia seguinte. Se tiverem um cesto do lixo com tampa no quarto, não arrisquem. Enrolem a fralda e arrumem-na de manhã. Ninguém falece por ficar ali encostada a um canto (desde que fechada). Quanto menos barulho, melhor.
  • Tentar não ter as mãos muito frias. Eu berraria se, a meio da noite, me passassem uma posta de pescada congelada nas pernas. Deve ser isso que eles sentem.
  • Fazer tudo com o mínimo de luz possível, se chegar a luz do despertador do quarto do bebé ou da luz de presença, melhor.  Eu sigo-me pela luz do intercomunicador (que só usamos durante o dia), nem preciso de mais nenhuma. 
  • Por-lhes o dou-dou (aqueles bonecos para dormir, tipo umas fraldas com cabeças de bonecos) nos olhos. Se não conseguirem fazer tudo quase às escuras, experimentem por-lhes o coelhinho ou o boneco com o qual eles dormem, em cima dos olhos. Pode ser que adormeçam outra vez ou, pelo menos, ganham tempo em que eles não estão a levar com a luz nas trombas e tentam ser supersónicas a mudar-lhes a fralda. 
Fica aqui tudo o que aprendi na arte de mudar fraldas à noite nos últimos nove meses. Temos de ser umas para as outras! Depois digam que se funcionou ou se "rebentou a bolha"

Querem que a primeira palavra seja mamã?

Adoramos que os pais se dediquem aos bebés, adoramos que se adorem mas, por dentro, ai dos nossos filhos que não digam primeiro "mamã". 

Estou convosco, mães cujos filhos, depois de tanto mês a depender só e somente da mamã, são ingratos ao ponto de começarem a balbuciar primeiro um "papá" ou, pior, "papapapapapapapapa". Que dor. É aqui que, mais uma vez, a nossa capacidade de representação é posta à prova: 

"Oh meu amor, que querido! Fico tão contente que a primeira palavra dela seja papá. É mesmo comovente, olha para mim a chorar e tudo, amo-vos tanto." - lágrimas caem, mas de nervos e por estar a fazer um esforço enorme para não enfiar os dedos com uma camada de gelinho antiga nas pálpebras do pai





Truques para que o bebé aprenda primeiro a dizer o que interessa (mamã, portanto): 

  • Assim que consigamos perceber que gostam de nos ouvir cantar (ou a tentar cantar), cantarmos todos os dias durante meia hora a música "Mamã, eu quero" sempre no máximo da nossa expressividade e, se possível, com coreografia a acompanhar. É cansativo? É. Ouvir "papá" primeiro, depois de termos feito com que aquele perímetro cefálico saísse do nosso perímetro vaginal também. 
  • Sempre que o pai apareça ou fale com o bebé, referirmo-nos a ele como o "eutdgihfkjn". "Olha, quem é ele, é o uridfjksx, gostas do gruekjdf"? Sim, é intencional ir variando. Se a miúda nunca ouvir a palavra papá e, se o nome do pai for super complexo e for mudando, estamos a ganhar território à grande. Vale tudo, meninas. Vale tudo. 
  • Quando desconfiarem que o bebé tem fome, provoquem-no dizendo (no tom mais agudo possível, vocês sabem como é) "quer maminhas? quer maminhas?" e depois dêem-lhe de mamar. Se possível, acompanhem esta provocação sonora com o por mesmo os seios de fora. Assim, o bebé começa a associar o som "mam...mam..." a coisas que ele gosta e/ou precisa e/ou o consolam. O pai agradece mais uma oportunidade para nos ver as nossas chuchinhas (ou então, como o meu, diz que, para ele, já nem são mamas porque está farto de as ver).


Nota: Não garanto resultados, mas garanto que tentar obtê-los assim é divertido. Nem que seja para mim, deste lado, a imaginar-vos a fazer isto tudo ao mesmo tempo e com as mamas de fora. ;)